De todos os aspectos preocupantes em relação ao novo coronavírus que se espalha rapidamente pela China, o mais alarmante, até agora, é a presença de um “supertransmissor“. Autoridades de saúde afirmam que um único paciente infectou 14 profissionais de saúde. A busca agora é para encontrar esse paciente, pois ele pode ser uma importante chave no combate à epidemia, segundo informações da rede americana CNN.
A existência de “supertransmissores” é algo comum entre os coronavírus. Uma única mulher, conhecida como “Mary tifoide”, foi responsável pela disseminação da febre tifoide em Nova York no início do século XX. Já um médico chinês conseguiu espalhar a síndrome respiratória aguda grave (Sars) em quatro países, em 2003. Até agora, não tinha sido identificado ninguém com esse perfil no surto do novo coronavírus, o que deixava as autoridades de saúde mais tranquila. Mas, diante dessa nova constatação, a situação mudou.
“A presença de um supertransmissor em Wuhan indica que o vírus pode se espalhar com facilidade”, disse Michael Osterholm, epidemiologista e professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, à CNN. Além disso, a descoberta de um “super transmissor”indica que existem outros espalhados por aí, ainda desconhecidos.
Essas pessoas têm esse nome pois liberam o vírus – por exemplo, por meio de espirros ou tosse – em quantidades maiores do que a maioria das outras pessoas.
Novos casos não param de aparecer
O número de casos confirmados de pneumonia causada pelo novo coronavírus na China aumentou para 830, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China. São 259 casos a mais do o boletim divulgado no dia anterior.
Para atender todos os pacientes e diminuir a escassez de leitos na cidade, Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus, irá construir um hospital com 1.000 leitos. O hospital móvel, com uma área útil de 25.000 metros quadrados, será concluído até o dia de 3 de fevereiro, de acordo com informações do China Daily, jornal diário em língua inglesa publicado na República Popular da China.
Na tentativa de conter a disseminação do vírus, a China bloqueou a entrada e saída de Wuhan e seus arredores. O que, segundo a Bloomberg, representa a primeira quarentena em larga escala nos tempos modernos. É provável que a eficácia de tentar isolar o epicentro da doença, que engloba impressionantes 40 milhões de pessoas seja examinada no futuro.
“A contenção de uma cidade não foi feita na história das políticas internacionais de saúde pública. É um equilíbrio entre respeitar a liberdade de circulação de pessoas, prevenir doenças e interesse público. Não é uma coisa simples; é muito complexo.”, disse Shigeru Omi, que chefiou a região do Pacífico Ocidental da Organização Mundial da Saúde durante o surto de SARS no início dos anos 2000, à Bloomberg.