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A nova arma da ciência para evitar complicações da insuficiência cardíaca

Estudo aponta que terapia com células-tronco pode reduzir em 58% o risco de ataque cardíaco ou derrame em pacientes com o músculo cardíaco enfraquecido

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 fev 2023, 18h58

Um estudo publicado nesta segunda-feira 27, no Journal of the American College of Cardiology, mostrou que a terapia celular, envolvendo células-tronco adultas da medula óssea, pode reduzir o risco de ataque cardíaco e derrame em pacientes com insuficiência cardíaca grave.

Segundo o trabalho de cientistas do Instituto do Coração do Texas, nos Estados Unidos, uma única administração de células-tronco adultas diretamente em um coração inflamado pode resultar em uma redução de 58% no risco desses eventos em pacientes com fração de ejeção reduzida, ou seja, que tenham o músculo cardíaco enfraquecido.

“Acompanhamos esses pacientes durante três anos e descobrimos que seus corações ficaram mais fortes. Encontramos uma redução muito significativa desses eventos nos que apresentavam mais inflamação no sangue”, disse Emerson Perin, cardiologista, diretor médico do Instituto do Coração do Texas e principal autor do estudo, que já está sendo considerado o maior ensaio clínico de terapia celular realizado até hoje em pacientes com insuficiência cardíaca, condição séria que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo. “Há também evidências de que tivemos uma redução nas mortes cardiovasculares”.

A terapia envolve a injeção de células precursoras mesenquimais no coração. Essas células-tronco específicas têm propriedades anti-inflamatórias, o que pode melhorar os resultados em pacientes com insuficiência cardíaca, uma vez que a inflamação elevada é uma característica marcante da doença em sua forma crônica.

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O estudo incluiu 565 pacientes com insuficiência cardíaca com um músculo cardíaco enfraquecido, em idades entre 18 e 80 anos, que receberam cerca de 150 milhões de células-tronco no coração por meio de um cateter. Eles foram acompanhados por pesquisadores do Instituto do Coração do Texas e de várias outras instituições nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, que monitoraram cada paciente em busca de eventos relacionados ao coração ou arritmias com risco de vida. As células vieram da medula óssea de três doadores adultos jovens e saudáveis.

Em comparação com os pacientes que receberam um procedimento simulado, aqueles tratados com a terapia com células-tronco mostraram um fortalecimento pequeno, mas estatisticamente significativo, do músculo da câmara de bombeamento esquerda do coração em um ano. “Esse é um efeito de longo prazo, durando em média 30 meses”, enfatizou Perin.

Todos os participantes estavam tomando medicamentos para insuficiência cardíaca, o que torna a nova terapia mais eficaz. “Agora temos um tratamento que realmente aborda a causa. Essa linha de investigação realmente tem um grande futuro e vejo que, com um estudo confirmatório, podemos trazer esse tipo de tratamento para o mainstream”, disse o médico, acrescentando que agora “temos uma nova arma contra a insuficiência cardíaca.”

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Entre os pacientes com alta inflamação em seus corpos, o risco reduzido de ataque cardíaco ou derrame foi ainda maior, de 75%, descobriram os pesquisadores. “Essas células abordam diretamente a inflamação”, afirmou o médico. “Elas têm pequenos receptores para essas substâncias inflamatórias – algumas chamadas de interleucinas, que quando colocadas em um coração inflamado, ativa as células a responderem com a secreção de vários anti-inflamatórios”, explicou.

Mesmo com os excelentes resultados, os pesquisadores escreveram que suas descobertas devem ser consideradas “geradoras de hipóteses”, pois mostram que esse conceito de terapia celular pode funcionar, mas seriam necessários ensaios clínicos para confirmar seus efeitos. Ainda não está claro por quanto tempo os efeitos da terapia com células-tronco duram além de 30 meses e se os pacientes precisarão de mais injeções de células-tronco no futuro. “Demos um grande passo para poder aproveitar o poder real das células-tronco adultas no tratamento do coração. Este julgamento é realmente um sinal de uma nova era”, finalizou o médico.

 

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