Adesivo indolor pode ser alternativa à vacina contra a gripe
Cientistas americanos desenvolveram um adesivo com microagulhas, que penetram e se dissolvem na pele, com o mesmo efeito da vacina tradicional
Boa notícia para quem tem medo de agulhas. Cientistas do Instituto de Tecnologia da Georgia e da Universidade Emory, ambos nos Estados Unidos, desenvolveram uma vacina contra a gripe em forma de adesivo com microagulhas.
Pressionando-o sobre a pele, as microagulhas a penetram e se dissolvem, liberando os vírus inativados, que fazem parte do processo de imunização. A técnica promete ser uma alternativa indolor, mais prática e de menor custo em relação à vacina tradicional por injeção.
O adesivo
Segundo os pesquisadores, a eficácia do adesivo é semelhante à da vacina tradicional. Assim como qualquer outra vacina, o adesivo, que precisa ficar sobre o pulso por 20 minutos, possui a capacidade de gerar a resposta imunológica do organismo em pacientes adultos. Além disso, mais de 70% dos pacientes disseram preferir o novo método, que obteve 50% menos queixas que a vacina aplicada por seringas.
No estudo, durante a temporada de gripe de 2014/2015, 100 pacientes voluntários foram divididos em quatro grupos. O primeiro recebeu a vacina contra gripe por meio da injeção intramuscular aplicada por um profissional da saúde. O segundo, a vacinação com o adesivo auto-administrado e o terceiro, o adesivo aplicado por um profissional. Já o quarto grupo de pacientes recebeu um adesivo com microagulhas placebo, também aplicado com a ajuda de um profissional.
Eficácia do método
Os resultados mostraram que a vacina por meio do adesivo é efetiva e segura, sem consequências graves. A resposta dos anticorpos, testada através de amostras de sangue dos pacientes, foi semelhante ao do grupo que recebeu a injeção. Mesmo depois de seis meses da aplicação, a imunização ainda era sentida. Os efeitos colaterais observados foram leves irritações, coceiras e vermelhidões na pele, no local onde as microagulhas penetraram, com a duração de dois a três dias.
“As microagulhas são bem pequenas, você mal consegue vê-las. [Com o novo método], podemos prever a vacinação em casa, no trabalho ou sua distribuição via correio”, disse Nadine Rouphael, uma das autoras da pesquisa. “[Os pacientes] ficaram impressionados com o quão pequenas eram as agulhas e como era fácil de administrar.” O estudo foi publicado no periódico científico The Lancet e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
Melhor alternativa
Diferente da vacina aplicada por meio de injeções, o adesivo não precisa ser refrigerado. Atualmente, as vacinas tradicionais precisam ser conservadas entre 2ºC e 8ºC por até um ano. Depois de utilizado, o adesivo não gera o risco de contaminar o meio ambiente. Isso significa que eles podem ser descartados em lixo comum.
De acordo com informações da rede britânica BBC, especialistas do Serviço de Saúde Pública da Inglaterra disseram que a técnica também pode ser boa para crianças pequenas, que tendem a não gostar de agulhas. Esse tipo de adesivo com microagulhas já é utilizado pela indústria cosmética em procedimentos estéticos, como na aplicação de botox. Outro método de vacinação por seringas que utilizam microagulhas já foi aprovado pela FDA nos Estados Unidos.
No entanto, o uso para do adesivo ainda não tem previsão de preços ou disponibilidade no mercado. Segundo os especialistas, mais testes de aplicação precisam ser realizados.