Brasil ganha novo centro de pesquisa e inovação para estudos do câncer
Fiocruz e Grupo Oncoclínicas assinam acordo de investimentos, ensino e empreendedorismo na oncologia
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Grupo Oncoclínicas anunciaram nesta quinta-feira,15, a criação do Centro Integrado de Pesquisa em Oncologia Translacional (CIPOT) para estudos sobre o câncer, segunda maior causa de morte no mundo, com investimentos em pesquisa, inovação, ensino e empreendedorismo na oncologia.
“Trata-se de uma iniciativa que se soma às demais estratégias da Fiocruz no campo, no sentido de ampliar as cooperações para pesquisas, com a troca de experiências, mão de obra e conhecimentos, fortalecendo também o sistema público”, declarou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), só no Brasil são esperados 704 mil novos diagnósticos por ano até 2025, índice que mostra o constante desafio da saúde pública em melhorar a equidade no acesso aos exames preventivos e diagnósticos para descobertas em estágios iniciais e agilizar os tratamentos da doença.
Para tanto, é importante que o país acompanhe as inovações desenvolvidas em todo o mundo, onde entra o CIPOT. “A expectativa é que a criação do centro traga impacto no rastreamento da doença e diagnóstico precoce, além de terapias inovadoras que proporcionem mais eficiência nos custos na jornada do tratamento oncológico, evitando os altos gastos com cirurgias, melhorando a expectativa e qualidade de vida dos pacientes oncológicos”, explica Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas.
A assinatura do acordo aconteceu na sede da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. O próximo passo será a implementação do projeto, baseado em três pilares: Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Empreendedorismo, além do incentivo ao desenvolvimento de terapias e métodos diagnósticos e a avaliação da viabilidade técnica e financeira de pesquisas.
“Quando falamos em um centro translacional é também no potencial de reduzir o distanciamento entre a produção do conhecimento científico e a aplicação na prática clínica”, diz Carlos Gil Ferreira. “O desenvolvimento de parcerias em projetos que busquem diagnósticos e estratégias terapêuticas inovadoras e o desenvolvimento, capacitação e formação de médicos, profissionais de saúde e empreendedores na área oncológica também fazem parte desta aliança”, completa.
O câncer hoje
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 50 milhões de pessoas vivem atualmente com câncer em todo mundo, sendo que 1,5 milhão delas no Brasil – um número que seguirá crescendo. Entre os tipos de tumor mais comuns no país, o câncer de pele não melanoma continua em primeiro lugar, seguido por tumores de pulmão e intestino, ambos com fatores de risco ligados a hábitos de vida pouco saudáveis, como dieta rica em gordura e tabagismo. O mais recente estudo do INCA levou em conta mais de 21 tipos de cânceres, considerando, pela primeira vez, também os tumores de pâncreas e fígado.
Outro tipo de câncer que merece atenção no Brasil são as neoplasias – tumor de crescimento desordenado de células no organismo – de mama entre as mulheres e a de próstata nos homens. Nos países de baixa renda, a incidência desses tipos de câncer deve ter um crescimento superior a 80%, segundo a OMS.
“A população precisa estar alerta ao panorama do câncer para que seja possível evitarmos uma futura epidemia de casos avançados da doença”, afirma Gil. “Como alternativas para evitar impactos negativos no combate ao câncer e atingir a meta de 70% de sobrevivência para todos os pacientes até 2035, conforme preconiza a OMS, é essencial aumentar o orçamento destinado ao desenvolvimento de pesquisas e atuar na conscientização sobre as consequências do diagnóstico tardio da doença, o que reduz as chances de cura e compromete o potencial dos tratamentos”, finaliza.