Brasil relata à OMS caso de variante suína da gripe no Paraná
Paciente não teve contato com porcos e se recuperou; não há vacina licenciada contra Influenza A(H1N1v)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira, 13, que recebeu do Brasil uma notificação sobre o registro de um caso de infecção por uma variante (v) de origem suína do vírus influenza A (H1N1), causador da gripe, em um paciente de Toledo, no Paraná. Este foi o primeiro episódio da variante registrado no país em 2024 e o paciente, que se recuperou, não tinha histórico de exposição a porcos. Segundo a entidade, o risco de propagação do vírus entre humanos é baixa, mas não há vacina licenciada contra a influenza A(H1N1v).
O paciente apresentou sintomas gripais, como febre, dor de cabeça, fadiga e tosse, no dia 12 de dezembro do ano passado e buscou atendimento médico quatro dias depois, quando foi internado. No dia 18, recebeu alta. Ele morava sozinho e, além de não ter contato com animais, não tinha histórico de ter se encontrado com pessoas que estavam doentes.
Amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado do Paraná e também para o Laboratório Nacional de Referência em Vírus Respiratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As análises apontaram que se tratava de gripe A (H1N1). No início do mês, uma amostra foi encaminhada para a Divisão de Influenza dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, que é parceiro da OMS, para caracterização do vírus.
“Esses achados laboratoriais podem indicar a disseminação contínua do vírus na população animal e a exposição da população humana no estado do Paraná. A transmissão comunitária em humanos não foi identificada”, informou a entidade.
Desde 2015, nove casos da variante de gripe suína em humanos foram registrados no Paraná, de acordo com a OMS. Nos oito episódios anteriores, os pacientes eram moradores de áreas rurais com atuação no ramo da suinocultura — um deles trabalhava trabalhava em um matadouro de suínos — e um óbito foi registrado.
Quais são os riscos da gripe suína para humanos?
A OMS explica que o vírus influenza A(H1) é prevalente em porcos na maioria das partes do mundo e, quando detectado em humanos, recebe a classificação de “variante do vírus influenza”. A infecção pode ocorrer após exposição a animais ou ambientes contaminados. Os subtipos mais comuns são A(H1N1), A(H1N2) e A(H3N2).
Até o momento, não há relatos científicos sobre a transmissão dessas variantes de pessoa para pessoa. “As evidências atuais sugerem que estes vírus não adquiriram a capacidade de sustentar a transmissão entre humanos”, diz a entidade. A infecção por variantes suínas costuma levar a episódios leves, mas há casos de hospitalização e morte.
Não existem vacinas liberadas para proteger contra influenza A(H1N1)v, apenas contra a gripe humana, que teria potencial para reduzir a gravidade em casos de infecção.
Qual vacina protege contra a gripe?
Todos os anos, ocorre o anúncio da composição das vacinas contra a gripe com base nas recomendações da OMS, que considera as mutações do vírus e cepas em circulação.
No fim do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a composição das doses trivalentes e quadrivalentes que serão aplicadas em 2024.
As vacinas trivalentes produzidas a partir de ovos de galinha vão utilizar as seguintes cepas:
- Influenza A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09
- Influenza A/Thailand/8/2022 (H3N2)
- Influenza B/Austria/1359417/2021 (B/linhagem Victoria)
No caso das vacinas não baseadas em ovos, a cepa do vírus A (H1N1) deve ser um vírus similar ao influenza A/Wisconsin/67/2022 (H1N1)pdm09, a cepa A (H3N2) deve ser um vírus similar ao vírus influenza A/Massachusetts/18/2022 (H3N2) e ter ainda a cepa B.
As vacinas quadrivalentes, oferecidas na rede privada, terão as três cepas obrigatórias e um vírus similar ao influenza B/Phuket/3073/2013 (B/linhagem Yamagata).