O número de casos de dengue no Estado de São Paulo cresceu 122% em um ano, apontam dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria Estadual da Saúde. Entre janeiro e agosto de 2017, foram confirmados 4.044 casos. Neste ano, o número subiu para 8.979 no mesmo período. Grande parte das pessoas contraiu a doença nas cidades onde moram — apenas 7% (619 dos casos) foram importados de outra cidade.
A capital paulista apresentou 7.790 casos — o maior número de notificações da doença —, mas apenas 448 foram confirmados por exames laboratoriais. As cidades mais atingidas pela dengue estão no interior: Santo Antônio de Posse, distrito do município de Campinas, tem 864 casos confirmados; em Araraquara, a 270 quilômetros capital, 709 pessoas contraíram a doença.
Altos e baixos
Apesar da alta expressiva, os registros têm declinado ao longo dos últimos anos. Em 2015, houve 678.031 registros de dengue; em 2016, 162.947. Entre esses anos, o Estado de São Paulo sofreu com uma explosão de casos; no ano seguinte, no entanto, o número de pacientes confirmados foi atipicamente baixo.
Segundo especialistas, esse evento pode ser explicado pelo fato de que os indivíduos tendem a desenvolver anticorpos por causa das epidemias, aumentando a imunidade e diminuindo a reincidência. Já em 2017, houve uma redução significativa, com 6.269 casos confirmados.
Embora o número de casos seja maior em 2018, as mortes provocadas pela doença (92) foram inferiores em comparação com o ano passado (39%).
Nos demais estados, os casos de dengue estão em declínio desde 2017. Até 11 de agosto deste ano, foram notificados 193.898 — uma redução de 5,1% em relação ao mesmo período de 2017.
Época de chuvas
Especialistas estão preocupados com a temporada de chuvas, que aumentam os pontos de foco do mosquito, o que pode elevar ainda mais os números da doença. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a dengue é uma das doenças mais presentes nos municípios brasileiros, com 26,9% das cidades afetadas.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou que o trabalho de campo para combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, compete primordialmente aos municípios. “A pasta auxilia permanentemente em ações, inclusive por meio da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), que presta apoio e orientações para desenvolvimento de estratégias, com base no monitoramento”, explicou no texto.
Vacina
No fim de 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a Dengvaxia, a primeira e única vacina contra a dengue disponível no país. Entretanto, em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre a aplicação da vacina, que não deve ser tomada por quem nunca teve a doença, pois pode aumentar o risco de desenvolver uma versão mais grave da dengue.
Apesar do aviso, a Anvisa só alterou a bula da vacina no mês passado, incluindo a restrição para quem já teve alguma forma da doença e reside em áreas endêmicas — onde pelo menos 70% das pessoas já tiveram contato com o vírus.
(Com Agência Brasil)