Chatbot para prevenção de suicídio voltado para educadores é lançado
Ferramenta do Instituto Ame sua Mente que simula conversa pelo WhatsApp tem como foco saúde mental de jovens e oferece informações sobre sinais de alerta
Os softwares que simulam conversas humanas têm revolucionado a oferta em diferentes áreas, inclusive na saúde. Os diálogos por meio de chatbots, como são chamados, estão avançando para temas delicados e, nesta segunda-feira, 4, foi lançado o Bússola Ame Sua Mente, canal no WhatsApp focado em informações sobre sinais de alerta e prevenção ao suicídio em meio às ações do Setembro Amarelo – mês no qual a importância de evitar novos episódios é debatida ao redor do mundo. O conteúdo, iniciativa do Instituto Ame sua Mente elaborada por psiquiatras e especialistas em saúde mental, é voltado para educadores e tem como objetivo ajudá-los a orientar principalmente os jovens.
A atenção à população juvenil tem como base um dado alarmante da Organização Mundial da Saúde (OMS): o suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no mundo. O desafio para familiares, professores e todos que estão ao redor de quem está em risco de cometer o ato é que o suicídio é multifatorial. Então, é fundamental manter o diálogo, reconhecer vulnerabilidades e procurar ajuda especializada.
Por meio do software, ocorre uma simulação de conversa com um robô que encaminha os professores para a “árvore de conhecimento”. Neste canal, abas são abertas e abordam temas do dia a dia e orientações práticas com o intuito de apresentar os sinais de alerta. O acesso é gratuito pelo número (11) 9-9113-0019.
Líder de conteúdo do projeto, o médico psiquiatra Carlos Gustavo Zanotto Costardi explica que o reconhecimento da necessidade de cuidar da saúde mental é algo mais recente e precisa entrar no dia a dia das pessoas, não só no aspecto individual, mas com o envolvimento e engajamento dos mais diversos setores da sociedade, como educação, política, justiça e as mídias.
“Quando se fala em prevenção em outras áreas da medicina, como do coração e cérebro, as pessoas já têm uma noção e sabem que é bom fazer atividade física, ter um controle de peso, evitar o tabagismo e álcool. Para saúde mental, talvez seja mais tardio, estamos começando a falar sobre estresse, burnout, depressão e ansiedade. Por isso, a importância da conscientização para que se torne parte da nossa cultura”, diz Costardi, que também é coordenador do Ambulatório Longitudinal de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp).
Segundo o médico psiquiatra, o tema do suicídio é complexo e urgente, de modo que é fundamental oferecer meios de ajudar os jovens a lidar com questões de saúde mental e também para intervenções em transtornos mentais, que costumam aparecer nessa fase da vida. Embora voltado para professores, a Bússola não tem como objetivo sobrecarregar os profissionais nem colocá-los na posição de diagnosticar os alunos. “Não é o papel do professor de tomar a posição de um profissional de saúde mental. O que acontece é que ele já é um grande observador, ele percebe quando algo não está bem com determinado aluno e isso o coloca em dificuldade de lidar quando surge o problema. A proposta é ajudar o educador a lidar com algo que já acontece dentro das escolas.”