Com diagnóstico precoce, chances de cura do câncer de mama ultrapassam 95%
A mamografia é a principal arma para a descoberta em fase inicial, que aumenta as possibilidades de eliminação do tumor. Especialistas comentam
De todas as cores atribuídas aos meses para campanhas de conscientização de doenças, sem dúvida, o mais estabelecido e, portanto, lembrado, é o outubro rosa. Essa simbologia representada por um laço cor-de-rosa traz luz a uma das doenças que mais atinge e mata as mulheres no mundo inteiro: o câncer de mama.
No Brasil, é o segundo tipo de câncer que mais afeta a população feminina, contabilizando 10,5% de todos os diagnósticos de câncer registrados no país, só perdendo para o câncer de pele não melanoma. Também mata bastante: são estimados 11,84 óbitos pela doença a cada 100 mil mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que ainda projeta cerca 73.610 novos casos somente neste ano. No mundo, a doença afeta 2,3 milhões de pessoas por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados são preocupantes, mas a boa notícia é que, embora seja um câncer, tem boas chances de cura, se descoberto na fase inicial. “O diagnóstico precoce é a principal arma que temos, que chamamos de prevenção secundária. É importante realizar exames de rastreamento para detectar doenças assintomáticas. No caso do câncer de mama, a mamografia associada a outros exames de imagem, por exemplo”, diz o oncologista Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas. “Falar em diagnóstico precoce de mama é igual a falar de curar e não curar. Já sabemos que tumores de até 2 cm, se adequadamente tratado, tem um índice de cura superior a 95%”, completa.
Segundo o especialista, a mamografia deve ser realizada anualmente em mulheres a partir dos 40 anos, sendo a melhor forma de detectar o tumor no começo do seu desenvolvimento e aumentando as chances de cura. “O câncer de mama não é uma sentença de morte. Se for descoberto em sua fase inicial e receber um tratamento adequado, é altamente curável”, afirma Ferrari.
O oncologista Max Senna Mano, concorda, enfatizando que a mamografia não deve ser realizada apenas quando existe suspeita de câncer de mama, mas sim periodicamente. “O primeiro e principal passo para vencermos o câncer de mama é o conhecimento. Temos que maximizar a exposição das informações para que cada vez mais mulheres e população em geral estejam conscientes da necessidade de realização da mamografia”, afirma o médico, líder nacional da especialidade de tumores de mama da Oncoclínicas.
Mamografia salva vidas
Mesmo com diversos estudos mostrando a relevância da realização da mamografia – por seu potencial de identificar lesões ainda não palpáveis e num estágio muito inicial, pode ter um impacto de 25% a 40% na redução da mortalidade por câncer de mama – ainda é um entrave no combate à doença pela pouca adesão. O Brasil, por exemplo, registrou apenas 17% de alcance na cobertura mamográfica entre mulheres de 50 a 69 anos entre 2015 e 2021, de acordo com o Panorama da Atenção ao Câncer de Mama no Sistema Único de Saúde (SUS). O número é muito inferior ao recomendado pela OMS, que indica ao menos 70% de cobertura.
“Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), uma em cada 8 mulheres receberão o diagnóstico de um tumor nas mamas em alguma fase da vida. Quando a doença é descoberta cedo, os tratamentos podem ser menos agressivos, além de terem uma maior chance de sucesso”, Guilherme Novita, mastologista da Oncoclínicas.
De acordo com o médico, a maior incidência de câncer de mama ocorre em mulheres na perimenopausa, ou seja, no fim da vida reprodutiva, mas o constante aumento de casos entre mulheres mais jovens tem estimulado debates para que o rastreio seja iniciado com mais antecedência do que o indicado pelo Ministério da Saúde, para mulheres de 50 a 69 anos. “Um tumor de 1 cm tem um bilhão de células e essas diferenças milimétricas não são perceptíveis ao autoexame da mama, e sim pelo estudo mamógrafo. Então nós oncologistas, assim como a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, recomenda o screening das mulheres a partir dos 40 anos, com a mamografia para diagnósticos precoces e tratamentos menos mutilantes e mais efetivos, que custam menos para o sistema de saúde e para a própria mulher”, diz Ferrari.
Mudanças no estilo de vida
Além da realização frequente dos exames preventivos, os médicos recomendam que as pessoas cultivem uma rotina saudável, algo que também ajuda a diminuir os riscos de câncer de mama. Controlar o excesso de peso, não fumar, manter uma alimentação saudável e atividades físicas são essenciais para a redução dos riscos de incidência da doença.
“A prática regular de exercícios físicos e adoção de uma dieta alimentar balanceada são relevantes tanto para reduzir as chances de desenvolver câncer de mama quanto para diminuir os riscos de recidiva da doença”, explica Max Mano. “Sabemos que uma rotina saudável pode prevenir em até 40% dos casos e agora estamos mostrando que essas práticas têm influência em que é diagnosticado, com aumento da sobrevida, queda na recorrência e diminuição de mortalidade”, explica Max Mano.
Informação é essencial
É bom ressaltar que a informação de qualidade é essencial. Cada vez mais devemos falar sobre o diagnóstico precoce e prevenção do câncer de mama e, assim, contribuir para o aumento das chances de cura e o acesso a tratamentos personalizados. “O outubro rosa é uma data mundial para alertar, conscientizar e mobilizar as pessoas sobre a importância do direito que as mulheres têm ao diagnóstico precoce”, diz Bruno Ferrari. “Por isso, é importante o debate entre as associações de especialidades médicas, o governo e a sociedade para que essas informações cheguem ao maior número de pessoas e, assim, possamos ter um número maior de diagnósticos precoces e de cura.”
SP ganha iluminação rosa
Para chamar atenção para o Outubro Rosa, cinco monumentos públicos na cidade de São Paulo ganharam iluminação cor de rosa desde domingo, 1. A iniciativa, que permanece até domingo 8, é resultado de uma parceria entre Oncoclínicas, Prefeitura de São Paulo e SP Regula. O Viaduto do Chá, o Edifício Matarazzo (sede da Prefeitura paulistana), o Pateo do Collegio, o Monumento às Bandeiras e a Biblioteca Mario de Andrade receberam as luzes especiais. “A iniciativa de iluminar os monumentos com a cor rosa tem como objetivo alertar, inspirar e mobilizar a prevenção para salvar vidas”, enfatiza Ferrari.