Comer placenta traz riscos à saúde da mãe e do bebê, diz estudo
A ingestão ganhou popularidade após Bela Gil e Kim Kardashian terem aderido à prática. Segundo pesquisa, o consumo traz risco de infecções
Depois de dar à luz o segundo filho, no ano passado, a apresentadora e chef de cozinha Bela Gil ingeriu a própria placenta. A prática ganhou popularidade nos últimos tempos, com adeptas como a socialite Kim Kardashian e a atriz January Jones. Embora muitos aleguem a riqueza de nutrientes, uma nova pesquisa, publicada no periódico científico American Journal of Obstetrics & Gynecology, sugere que o consumo da placenta pode expor tanto a mãe quanto o bebê a infecções.
Riscos
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, revisaram estudos anteriores sobre o consumo da placenta – chamado de placentofagia, que supostamente traria benefícios para a mãe, melhorando a produção do leite materno e evitando a depressão pós-parto – chegaram à conclusão de que a prática não traz benefícios para a saúde. Pelo contrário, a ingestão da placenta expõe a mãe a infecções bacterianas, toxinas e hormônios acumulados no órgão, o que também pode impactar a amamentação, afetando o bebê.
Placenta
Durante a gestação, a placenta, que conecta o feto à parede uterina, é o canal por onde o bebê recebe o suprimento de sangue da mãe, com os nutrientes e outros componentes necessários para seu desenvolvimento. Depois do parto, o órgão é descartado.
“Nutrientes como ferro, selênio e zinco, que alguns alegam fazer parte dos benefícios do consumo do órgão, não estão presentes em concentrações particularmente elevadas. Muitos mamíferos comem placenta, mas não temos certeza do motivo”, disse ao The Independent Alex Farr, professor de ginecologia da Universidade de Viena, na Áustria. Para alguns animais, no entanto, a ingestão da placenta durante o processo do parto já demonstrou ter benefícios, como a redução da dor. O ato também pode encorajar algumas espécies a se relacionar com seus filhotes, por exemplo.
Contaminação
De acordo com o principal autor do estudo, o professor de obstetrícia clínica e ginecologia Amos Grünebaum, até mesmo nos formatos em cápsula e em pó, mais comuns no mercado, a placenta ainda pode oferecer os riscos. Um relatório divulgado pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostrou que, caso não seja esterilizada apropriadamente, a placenta pode conter bactérias e vírus, inclusive HIV, zika e hepatite, propiciando a contaminação. Segundo o documento, um bebê já foi infectado.
“As pessoas que dizem para as mulheres que elas deveriam comer placentas ganham muito dinheiro com isso. É a mesma ideia das pessoas que vendem óleo de cobra”, disse o médico ao site especializado Live Science. Nos Estados Unidos, encapsular placentas custa em torno de 200 a 400 dólares. No Brasil, de acordo com reportagem de VEJA, o valor do suplemento pode chegar a 500 reais.