Com cerca de 500 000 livros de culinária vendidos em sete títulos, Rita Lobo se viu há duas semanas no centro de uma polêmica que movimentou a internet. No Twitter, a apresentadora do Cozinha Prática, do canal pago GNT, citou uma pergunta que sintetiza dúvidas frequentes de seus seguidores: “ ‘Por que você não ensina maionese com óleo de coco e iogurte, em vez de gema e óleo?’ 1) Porque não é maionese; 2) Trate seu distúrbio alimentar”.
Em entrevista à edição impressa de VEJA desta semana, ela falou sobre a mania de alimentação saudável. “As pessoas estão muito confusas, achando que comer bem é sinônimo de fazer dieta, de restrição, de cortar lactose. Isso está errado. Saudável é algo feito na cozinha de casa, a partir de produtos que vêm da natureza. Muitos trocam o padrão de alimentação tradicional no Brasil — o feijão com arroz, os legumes refogados, que são ótimos — pela medicalização dos pratos.”
Não se trata de um resgate da “comida da vó”, que exige “tempo e habilidades culinárias” raras nos dias de hoje. “Precisamos simplificar. É o resgate de se sentar à mesa, do vegetal, do feijão, em vez de invenções supostamente saudáveis, criadas pela indústria.”
Ela critica também a mania de substituições à mesa. “Não venham me falar para substituir a farinha por fécula que o bolo vai ficar mais saudável porque não é verdade. Alimentação saudável não é isso.” Seria ela uma anti-Bela Gil? “O nosso discurso é diferente. Ela está dizendo que você tem de olhar para os nutrientes para fazer as escolhas. Acho que essas substituições são ruins. Sou amiga da Bela Gil. Já conversamos várias vezes sobre isso. Acho ruim o terrorismo nutricional. Não há polêmica. Ela segue uma linha que não sei qual é. Eu sigo a da Organização Mundial da Saúde e do Guia Alimentar para a População Brasileira (do Ministério da Saúde, feito por pesquisadores da USP). Agora, a gente tem uma coisa em comum, que admiramos muito uma na outra: temos o objetivo de colocar a pessoa na cozinha e sabemos fazer isso muito bem, ainda que com ideias diferentes.”
Rita conta que reluta em se tornar garota-propaganda de marcas que a procuram, por não acreditar nos produtos. “Minha credibilidade não está à venda”, diz, exemplificando: “Eu não ganho nada para divulgar o guia do Ministério da Saúde.”
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