Diante do aumento de casos de Covid-19, relacionados principalmente com a nova sublinhagem BQ.1 da variante de preocupação ômicron, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nesta sexta-feira, 11, recomendações para evitar uma explosão de episódios no Brasil, algo que poderia levar a hospitalizações e mortes pela doença. Manter o esquema de vacinação contra a Covid atualizado, utilizar máscaras em ambientes fechados e evitar aglomerações são as principais orientações.
O documento foi elaborado pelo Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias (CCCIR) da entidade e considerou os dados sobre a doença coletados nas últimas semanas, indicando a elevação de episódios positivos de infecção pelo novo coronavírus. Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a positividade passou de 3,7% para 23,1%, na comparação entre a primeira semana de outubro e a primeira semana deste mês.
Nos últimos dias, a nova sublinhagem da ômicron foi detectada nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde uma paciente de 72 anos diagnosticada com a BQ.1 morreu.
Além de manter o esquema de imunização contra a Covid-19 atualizado (com quatro doses da vacina para a população com mais de 18 anos), a SBI cobrou a aquisição e oferta de doses para todas as crianças na faixa de 6 meses a menores de 5 anos. O Ministério da Saúde iniciou a distribuição de doses para esse grupo nesta quinta-feira, 10, mas apenas para crianças com comorbidades.
Sobre as medidas a ser adotadas pela população, a entidade indicou o uso de máscaras e distanciamento social, “principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos”.
Nova sublinhagem da ômicron
Desde o início de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou a observação de novas sublinhagens da variante de preocupação ômicron, responsável pelos casos de Covid-19 no mundo. A BQ.1 tem sido apontada como causadora de uma nova onda de infecções pelo novo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa e já circula no Brasil.
A BQ.1 e suas sublinhagens, como a BQ.1.1, são descendentes da também sublinhagem BA.5 – todas pertencentes à variante ômicron. Elas são resultado de mutações no vírus que não chegam a causar grandes modificações no material genético, de modo que continuam parecidas com a linhagem (ou variante) das quais fazem parte. É por isso que, em relatório, a OMS informou que seu Grupo Consultivo Técnico sobre a Evolução do Vírus SARS-CoV-2 acredita que, neste momento, não é necessário designar novas variantes de interesse a partir dela.
Ainda não há dados sobre a gravidade e a capacidade de escapar da proteção das vacinas da sublinhagem BQ.1. Mesmo assim, a OMS alertou para o fato de que ela tem demonstrado “uma vantagem de crescimento significativa sobre outras sublinhagens ômicron circulantes em muitos locais, incluindo Europa e Estados Unidos”, e que “merece monitoramento rigoroso”. A entidade sugere que a possibilidade de reinfecção pelo novo coronavírus seja investigada.
No fim de outubro, a prevalência da nova sublinhagem era de 6% e ela tinha sido detectada em 65 países. Em atualização divulgada nesta quarta-feira, 9, a entidade divulgou que a BQ.1 passou de 9,4% para 13,4% em uma semana epidemiológica e há uma tendência de substituição global de sublinhagens até então dominantes, como outras descendentes da BA.5.
Nos Estados Unidos, de acordo com balanço do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) divulgado na última sexta-feira, 4, as sublinhagens BQ.1 e BQ.1.1 representavam 35,3% das infecções pelo novo coronavírus no país.