Consumir gordura trans aumenta em até 75% o risco de demência
Os produtos que mais estão associados aos resultados são margarina, massas doces, sorvetes, cremes de café e biscoito de arroz
O consumo de gordura trans já foi associado a maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes tipo 2. Por causa disso, especialistas recomendam reduzir a ingestão para evitar problemas de saúde. Agora, novo estudo traz mais um motivo para fugir de vez da gordura trans: o consumo da substância pode aumentar em até 75% o risco de demência.
De acordo com os pesquisadores, os produtos que mais podem estar associado a esses resultados negativos incluem: massas doces, margarina, doces em geral, croissants, sorvetes, cremes de café e biscoito de arroz. “O estudo mostra que existem resultados negativos no cérebro e na cognição, além dos resultados cardiovasculares conhecidos, que estão relacionados a uma dieta com alto teor de gorduras trans”, comentou Neelum T. Aggarwal, da Academia Americana de Neurologia, à CNN.
O estudo foi publicado na revista Neurology na semana passada.
O estudo
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores analisaram 1.628 japoneses da cidade de Hisayama, com média de idade de 60 anos e sem sinais de demência. No início do estudo, os participantes forneceram amostras de sangue e responderam questionários acerca da alimentação. Durante os 10 anos de acompanhamento, a equipe notou o surgimento de 377 casos de demência – 247 deles dentro do espectro do Alzheimer.
Ao analisar as amostra de sangue e eliminar outros fatores de risco para demência, os pesquisadores concluíram que aqueles que consumiam alto teor de gordura trans estavam 74% mais propensos a desenvolver o problema degenerativo. Já quem consumia de forma mediana teve 54% maior risco.
“As pessoas em risco precisam prestar muita atenção aos rótulos nutricionais: quanto menos ingrediente, melhor! É importante focar em alimentos naturais e minimizar – ou mesmo evitar – aqueles que são altamente processados”, orientou Richard Isaacson, da Clínica de Prevenção do Alzheimer, nos Estados Unidos, à CNN.
Por causa disso, os pesquisadores recomendam que as autoridades de saúde dos países que ainda permitem a presença de gordura trans na fabricação de alimentos pensem em estratégias para bani-las da indústria alimentícia. “Esses esforços de saúde pública têm o potencial de ajudar a prevenir casos de demência em todo o mundo, sem mencionar a diminuição de doenças cardíacas e outras condições relacionadas às gorduras trans”, salientou Toshiharu Ninomiya, principal autor da pesquisa, em comunicado.
O que são gorduras trans?
As gorduras trans podem ser encontradas em alimentos de origem natural, como carnes e laticínios, e também em produtos industrializados. De acordo com especialistas, a gordura trans encontrada em alimentos naturais são infinitamente menores do que as presentes nas versões processadas.
Isso porque a versão artificial é feito por meio da adição de hidrogênio e óleos vegetais líquidos para dar consistência mais sólidas aos alimentos, como é o caso da margarina, por exemplo. Mesmo sendo prejudicial à saúde, ele é usado na indústria, pois o custo de produção é baixo, tem prazo de validade alto e pode deixar o produto mais saboroso e com textura mais agradável, o que o torna mais atraente para o consumidor. Entre os alimentos que contêm alto teor de gordura trans estão: frituras, bolos, tortas e biscoitos, alimentos congelados (pizza, lasanha, nuggets) e outras variedades de industrializados.
Nos Estados Unidos, o uso de gordura trans na indústria foi proibido em 2015, mas a medida só passou a entrar em vigor no ano passado. Aqui no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que pretende proibir a substância dentro dos próximos três anos. Apesar disso, em muitos países onde a proibição já está em vigor, muitos produtos que se dizem “zero gordura trans” contém 0,5 gramas – permitidos pela regulamentação. Ou seja, ainda há a presença da substância.