Nesta quinta-feira,5, o Ministério da Saúde comunicou que três estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo) têm pacientes com diagnóstico positivo para o novo coronavírus. Ao todo, são oito pessoas com a infecção, duas delas não viajaram para outros países e foram expostas ao vírus após o contato (direto e indireto) com o primeiro paciente diagnosticado.
Ainda hoje, o Ministério recuou de uma decisão anterior e passou a considerar o primeiro diagnóstico positivo sem sintomas da doença.
Com esse novo panorama, VEJA entrevistou o diretor clínico do Grupo Fleury, o infectologista Celso Granato, para compreender quais os riscos deste novo momento da transmissão do coronavírus no país. Confira o tira-dúvidas:
1) O Brasil teve suas primeiras transmissões locais, que ocorreram após o contato com um paciente que tinha viajado para áreas onde há transmissão. Com a confirmação, aumentou o risco da doença se alastrar pelo país?
Teoricamente aumenta, mas isso vai depender do que for feito com esses novos casos confirmados. Se você colocar esses pacientes em quarentena, não há problemas. É claro que quanto mais pessoas forem infectadas sem entrar em contato com alguém que viajou, mas por meio de intermediários, mais preocupante fica. É um segundo momento para a transmissão da doença no país. É algo que imaginávamos que fosse acontecer, porque não é todo mundo que chega de viagem sabendo que teve contato com a doença e que pode estar infectado. Até o diagnóstico ocorrer, existe chance de que essas pessoas tenham entrado em contato com parentes e colegas.
2) O número de estados onde há casos confirmados subiu para três (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), o que isso significa em relação ao potencial de transmissão do vírus?
É o mesmo princípio do caso anterior, quanto mais gente for diagnosticada com a doença, mais difícil será controlá-la, é uma rede mais aberta. O mais importante é realizar a quarentena e o isolamento de forma correta.
3) Hoje também foi registrado o primeiro caso de uma paciente diagnosticada com o vírus, mas sem qualquer sintoma da doença. Isso é normal?
É normal. Não é impossível, por exemplo, uma pessoa transmitir um vírus antes de apresentar sintomas. O que há de estranho foi o alvoroço ao redor do caso. São comuns quadros assintomáticos, com a gripe também acontece. Na situação dessa menina, podemos dizer que ela tinha carga viral baixíssima e foi detectada porque esses testes são muito sensíveis. Não dá para ter certeza se ela tem capacidade de transmissão, é pouco provável. Além disso, a pessoa assintomática tem menos chances de passar a doença para frente porque ela não tosse e nem espirra.