Coronavírus: distanciamento social pode ser acionado até 2022, diz estudo
Para deter vírus, seria utilizado um modelo intermitente; Documento prevê que casos de contágio podem ocorrer até 2024
Um estudo publicado nesta terça-feira, 14, na revista científica Science afirma que medidas de distanciamento social podem ser necessárias de forma intermitente até 2022, caso não ocorra uma descoberta de vacina antes deste prazo. A medida teria como função conter o dramático impacto da pandemia em sistemas de saúde.
Publicado por especialistas em epidemiologia e imunologia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o documento traça um paralelo entre o novo coronavírus e outros vírus da mesma família. O estudo aponta que outros picos de Covid-19 podem ocorrer durante um longo período, mais provavelmente em estações mais frias — o que não nos livraria totalmente da possibilidade de que ele se proliferasse em estações mais quentes, por exemplo. O estudo, no entanto, não têm explicações mais específicas sobre áreas tropicais, caso do Brasil.
Para chegar a uma resposta razoável para decretar o impacto desta pandemia, o estudo traça cenários possíveis nos quais compara o comportamento da Covid-19 com outros vírus em um prazo até 2025. Em um cenário no qual ainda não foi descoberta uma uma terapia mais incisiva ou o desenvolvimento de uma vacina, a vigilância e o distanciamento intermitente podem ser a alternativa mais viável para conter um colapso dos sistemas de saúde até 2022. O que apresentaria um impacto social e econômico relevante, diz a análise.
Para amenizar a situação, seria imprescindível ampliar a capacidade de atendimento aos pacientes graves em leitos hospitalares. Ao mesmo tempo, testes sorológicos seriam extremamente necessários para detectar — em quem já foi infectado e curou-se — mais aspectos sobre como ocorre a imunidade ao Sars-Cov-2 (nome do novo coronavírus).
O tempo e intensidade desses períodos de confinamento poderiam ser relaxados à medida que tratamentos e vacinas se tornarem conhecidos e disponíveis, informa o estudo. Outro termômetro seria o avanço dos testes sorológicos, que poderiam apontar quantas pessoas passaram por quadros assintomáticos da doença e tornaram-se imunes. O que faria do distanciamento social uma medida menos intensa.
Os pesquisadores apontam, no entanto, uma série de dúvidas de como se dará a dinâmica de transmissão do vírus durante a pandemia e pós-pandemia. Eles ressaltam que a pesquisa aponta para a necessidade de existir informações mais robustas sobre o comportamento do vírus e que o estudo tem como missão acompanhar a trajetória da epidemia, sugerindo respostas alternativas que não só o afastamento das pessoas.
O estudo ainda traz o entendimento de que o distanciamento social intenso por curto perídios podem ser seguidos por grandes aumentos da infecção assim que forem suspensos. Resultados melhores foram encontrados em medidas mais duradouras. A vigilância constante, por outro lado, deverá ser mantida até que o risco de novos surtos seja controlado, o que pode só ocorrer em 2024.