Um estudo publicado na revista científica Tumori Journal apontou que o SARS-CoV-2 circulava na Itália meses antes da explosão da pandemia, já em setembro de 2019. O artigo contraria a ideia de que o vírus seria praticamente desconhecido antes dos surtos registrados em Wuhan, na China, em dezembro do ano passado.
A descoberta ocorreu de forma um tanto inesperada, quando pesquisadores encontraram anticorpos específicos para o novo coronavírus nos organismos de participantes de um experimento ligado ao câncer de pulmão em setembro de 2019. De acordo com os pesquisadores, cerca de 11,6% dos voluntários apresentavam essa defesa contra o SARS-CoV-2, indicando que eles já teriam entrado em contato com o vírus há mais de um ano.
Além dessa constatação, os cientistas perceberam que esses indivíduos não apenas tinham contraído a doença de modo assintomático, como ainda possuíam os anticorpos específicos para combater o coronavírus. Caso seja confirmada, a descoberta pode sugerir que a imunidade natural decorrente da contaminação pode durar mais de um ano — diferentemente de muitas pesquisas recentes, que têm apontado a duração de apenas alguns meses para essa resistência contra o vírus.
Outra inferência é a de que, caso o estudo seja validado, poderá ser confirmada a capacidade do SARS-CoV-2 de “ressurgir” entre a população, contaminando partes diferentes da população a cada onda. Contudo, os cientistas destacam a baixa letalidade da doença causada pelo coronavírus.
A pesquisa, realizada pelo italiano Instituto Nacional do Câncer, focou na cidade de Milão.