Coronavírus: faz sentido fechar estabelecimentos e cancelar eventos?
A estratégia, chamada "achatar a curva", é usada para evitar que muitas pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo e sobrecarreguem o sistema de saúde
O combate à pandemia de coronavírus desencadeou medidas inéditas no mundo. Para começar, a China, epicentro da doença, colocou cidades inteiras em quarentena e fechou fronteiras. A Itália seguiu o mesmo exemplo quando o número de casos explodiu no país. Recentemente, o presidente Donald Trump suspendeu temporariamente todos os voos da Europa para os Estados Unidos. Eventos esportivos e culturais foram cancelados, festivais de música acabaram postergados, museus fecharam as portas, escolas e universidade cancelaram as aulas ou optaram por realiza-las à distância e a lista de restrições não para.
No Brasil, essas medidas ainda não foram adotadas em larga escala, mas já podemos ver o início deste movimento. Em São Paulo, estado com o maior número de casos confirmados, algumas escolas particulares e universidades suspenderam temporariamente as aulas – assim como a rede pública. O governador do Distrito Federal suspendeu as aulas da rede pública e privada em todo o DF. A CBF determinou que todas as partidas de futebol realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo aconteçam a portões fechados. Empresas decretaram regime de home office para seus funcionários e é só o começo.
Como você já deve estar imaginando, ações dessa dimensão custarão bilhões de dólares à economia mundial e terão um impacto direto nas economias internas dos países, cidades e até mesmo das pessoas. Então por que implementa-las em locais com poucos casos da doença, como o Brasil que tem apenas 98 casos confirmados?
A resposta é simples: para desacelerar a propagação do vírus e evitar que haja uma sobrecarga no sistema de saúde, que não possui infraestrutura para lidar com um aumento repentino de dezenas de milhares de casos ao mesmo tempo. Ou pode acontecer o mesmo que aconteceu na Itália, que enfrenta falta de leitos para tratar todos os doentes.
A estratégia, chamada “achatar a curva”, já é bem conhecida e eficiente no controle de pandemias. Basicamente, os epidemiologistas fazem uma previsão da quantidade de pessoas que poderá ser infectada no país se a vida das pessoas continuar seu fluxo normal.
Diante da pandemia causada por um novo vírus – como o coronavírus -, em que praticamente ninguém tem imunidade, se nada for alterado na rotina, em pouco tempo a epidemia vai atingir um número tão alto de pessoas, que os hospitais não vão dar conta de atende-las. E isso tem inúmeras implicações, que vão desde um possível aumento no número de mortes, diante da falta de leitos e insumos para atender de forma adequada todas essas pessoas, até a falta ou sobrecarga dos profissionais de saúde.
Por outro lado, se esse número de pessoas infectadas for estendido ao longo de meses, em vez de acontecer de uma vez só, não haverá sobrecarga do sistema de saúde e todos os paciente poderão ser atendidos e tratados da forma correta. Foi o que aconteceu na Coréia do Sul, que tem controlado muito bem seu surto interno.
É exatamente isso que a estratégia de fechar locais faz: achata a curva de progressão da doença. Ou seja, em vez de um grande número de pessoas ficar doente de repente, a infecção acontece de forma gradativa, permitindo que o sistema de saúde se acomode e tenha fôlego para atender todo mundo.
Saúde mental
O temor do coronavírus associado às recomendações de isolamento social pode prejudicar a saúde mental de muitas pessoas. Por isso a revista Saúde dá dicas de como manter a saúde mental durante essa pandemia. As dicas, publicadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), incluem não ser preconceituoso, não rotular os indivíduos atingidos e ter paciência com os idosos.