A partir da próxima semana, o hospital privado Vera Cruz, na cidade de Campinas, no interior do Estado, encampará uma pesquisa com cinquenta pacientes infectados por Covid-19. O grupo passará por um estudo que atestará a eficácia do vermífugo nitazoxanida 600 miligramas no combate à infecção que já levou, ao menos, 1.736 pessoas à morte no Brasil, de acordo com levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde na quarta-feira, 15. A pesquisa foi aprovada há cerca de dois dias pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
O teste será feito com a mesma substância que especialistas de saúde acreditam ser o remédio “secreto” anunciado pelo ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes na última quarta-feira, 15. Pontes afirmou na ocasião que o remédio teve 94% de eficácia em testes de laboratório. No mesmo dia, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou durante entrevista coletiva que o medicamento citado por Pontes tratava-se de um vermífugo. Além disso, ressaltou que um remédio apresentar bom resultado em laboratório não garante que ele terá efetividade em testes realizados em seres humanos.
Em Campinas, o teste será realizado em homens e mulheres acima de 18 anos em estado clínico “não crítico” da doença. A internação não poderá ter ocorrido há mais de 36 horas e o infectado deve apresentar insuficiência respiratória (com necessidade do uso de ventiladores, ou não). Transplantados, grávidas e lactantes estarão fora do estudo. Há também restrições para pacientes com problemas hepáticos ou renais, entre outras questões de saúde relacionadas a doenças virais. O encerramento da pesquisa está previsto para o mês de setembro.
O documento de liberação do estudo por parte da Conep afirma que “devido ao seu perfil antiviral previamente investigado, seu perfil de segurança e possibilidade de uso oral por adultos e crianças, bem como seu custo acessível; a Nitazoxanida surge como interessante alternativa para tal situação”. O pesquisador responsável pelo trabalho é Florentino Cardoso, ex-presidente da Associação Médica Brasileira, e terá coordenação geral dos infectologistas Sergio Cimerman, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, e Ricardo Diaz, da Unifesp.
Na metodologia, cada paciente passará por ciclos de 21 dias de estudo. O remédio será ministrado em duas doses por 7 dias e o acompanhamento ocorrerá por mais catorze dias. O estudo será custeado pelo laboratório Farmoquimica que desenvolve a droga sob o nome de “Annita”. Metade do grupo, no entanto, receberá um compimido placebo — a decisão será feita por meio de sorteio, sem chance de que o paciente ou o médico escolham a opção desejada.
Entre as contra-indicações da Nitazoxianida há: cólica, diarreia, náusea, vômito e dor de cabeça.
Anvisa restringe venda
Para evitar uma corrida às farmácias como ocorreu no caso da cloroquina e da hidroxicloroquina, outros remédios utilizados para pesquisas acerca de tratamentos eficazes contra a Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que os medicamentos preparados à base de Nitazoxianida passaram a ter venda controlada mediante apresentação de receita médica. O mesmo, vale dizer, ocorreu com a cloroquina e a hidroxicloroquina.