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Covid-19: flexibilização da quarentena não aumentou casos em 5 capitais

Dados desta quarta-feira mostram que o país em geral segue estável em número de novos casos e mortes, mas ainda em um patamar alto e preocupante

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Alexandre Senechal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2020, 19h40

A flexibilização das medidas de isolamento é motivo de preocupação para profissionais de saúde, especialistas e governantes, devido ao risco do aumento do número de casos e mortes causados pela maior circulação de pessoas à medida que as atividades econômicas são retomadas. Para entender o impacto do relaxamento da quarentena, VEJA analisou as curvas de contágio e mortes por Covid-19 em cinco capitais brasileiras que foram fortemente atingidas pelo novo coronavírus logo no início da pandemia, em diferentes regiões do país: Belém (PA), São Luís (MA), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Apesar das diferentes estratégias de distanciamento social adotadas nesses lugares, todos iniciaram o plano de reabertura da economia no começo de junho.

Um mês e meio após a flexibilização, o número de casos continuou a cair em todas essas capitais, apesar das pequenas oscilações no meio do caminho. Também houve queda gradual no número de novos óbitos, exceto em São Luís. A capital do Maranhão apresenta hoje, quarta-feira, 22, uma média móvel de mortes superior à registrada no dia 1º de junho, quando começou a flexibilização. Porém, o número é menor que o registrado em 18 de maio, quando acabou o lockdown. Fortaleza e Belém também passaram pelo fechamento drástico. São Paulo e Rio de Janeiro conseguiram  controlar a epidemia sem a adoção de medidas mais severas, embora São Paulo tenha conseguido achatar a curva e o Rio de Janeiro tenha sido mais impactado pela doença.

Isso significa que, até o momento, as previsões mais sombrias – sobre uma segunda onda – não se confirmaram. Por outro lado, o risco disso acontecer nessas cidades não está de forma alguma descartado, já que o vírus continua circulando no país e há muitas pessoas suscetíveis. Portanto, ainda é necessário cautela e respeito às recomendações vigentes de distanciamento social em cada um desses lugares e respeito às fases de flexibilização.

Segundo o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, o denominador comum entre essas capitais é o fato delas já terem passado por uma primeira onda. Mas enquanto São Paulo pôde flexibilizar com certa segurança por ter conseguido achatar a curva, ou seja, controlou o casos e manteve a capacidade de atendimento do sistema de saúde, as demais passaram por um verdadeiro caos no sistema de saúde e reduziram a curva após atingirem um alto pico de casos e óbitos.

Há ainda outras características diferentes nessas capitais. “São Paulo, com um platô nas curvas, está sofrendo restrições de distanciamento social por mais tempo e com isso conseguiu garantir atendimento a todos”, diz Croda. As outras quatro capitais começaram a flexibilizar após um pico de casos e de mortes. “Nesses locais, parece ter sido alcançada uma espécie de imunidade comunitária ou de rebanho, que está conseguindo manter baixo o número de novos casos. Mas precisamos estar atentos porque não sabemos os efeitos disso a longo prazo”, explica o infectologista.

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Veja abaixo uma análise mais detalhada da curva em cada uma dessas capitais.

São Paulo

O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi registrado na capital paulista, em 26 de fevereiro. Cerca de um mês depois, em 24 de março, o governador de São Paulo decretou o início da quarentena em todo o estado. A cidade de São Paulo, pelo tamanho de sua população e importância econômica, registra o maior número absoluto de mortes e casos de coronavírus no país.

A quarentena na cidade começou a ser flexibilizada em 1º de junho, quando a capital foi classificada na fase 2, a qual permite a retomada parcial da economia e a volta da operação de setores como o imobiliário, concessionárias, escritórios, comércios de rua e shopping centers com horários e capacidade de ocupação reduzida. Também entram indústria e construção civil.

Um mês depois, em 29 de junho, a cidade foi autorizada a progredir para a próxima etapa de flexibilização, a amarela, onde se encontra hoje. Também neste caso, as atividades comerciais liberadas, incluindo salões de beleza, bares, restaurantes e academias só puderam ser retomadas na semana seguinte, a partir de 6 de julho e, portanto, um mês depois do do início da flexibilização.

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No geral, a capital paulista apresenta queda na média móvel de casos e mortes desde o início da abertura gradual. Entretanto, ainda não é possível afirmar que a situação está melhorando de forma consistente, porque há alguns períodos de alta no meio do caminho, o que torna a curva inconstante.

Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro é um dos melhores exemplos entre as capitais analisadas. Embora a cidade ainda apresente médias móveis altas de casos e mortes, em comparação com outros lugares, a queda na curva é expressiva. Como São Paulo, o Rio de Janeiro também optou por uma retomada gradual das atividades econômicas, que teve início em 2 de junho.

Logo após a segunda fase da flexibilização, em 17 de junho, houve um breve período de aumento na média móvel de casos e mortes registradas na cidade. Porém, foi apenas uma fase que durou uma semana. Em seguida, os números voltaram a cair consideravelmente, chegando a uma média móvel de mortes de 55,3 e de casos em 406,4 nesta quarta-feira, 22.

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Fortaleza

Fortaleza foi duramente atingida pela pandemia de coronavírus. Mesmo tendo adotado a quarentena precocemente, em 20 de março, a capital cearense chegou a ocupar a primeira posição do ranking de cidades com o maior número de óbitos por Covid-19 proporcionalmente à população. O sistema de saúde quase entrou em colapso e para tentar reverter a situação, a cidade ficou três semanas em lockdown, entre 8 e 30 de maio.

Com a queda no número de casos e óbitos e recuperação da capacidade de atendimento do sistema de saúde, Fortaleza iniciou a primeira fase de flexibilização da quarentena em 8 de junho, quando tinha uma média móvel de 514,6 casos e 65 mortes. Hoje, a cidade está na quarta fase e em todo esse período conseguiu manter a queda de casos e mortes por coronavírus em ritmo forte.

Após o início da flexibilização, Fortaleza apresentou apenas dois períodos de subida considerável no número de casos: na semana da terceira fase de abertura, as médias, que já haviam caído para a casa dos 210, voltaram a subir e atingiram 296,9. Os números voltaram a cair logo em seguida e apresentaram nova subida pouco antes da quarta fase, em 17 de julho, quando a média móvel de casos chegou a 261,1.

Em relação aos óbitos, a única alta considerável da curva apareceu logo após a terceira fase de flexibilização. A média móvel chegou a 14,4 em 6 de julho e passou por uma semana de alta logo depois e, então, voltou a cair. Nesta quarta-feira, 22, Fortaleza registrou uma média móvel de 265 casos e 10,4 mortes por Covid-19.

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São Luís

São Luís apresenta uma oscilação da curva ainda maior do que São Paulo após o início da flexibilização. Os números, na comparação com o período de lockdown, caíram pela metade nos casos, mas se mantiveram no mesmo patamar nas mortes.

Se compararmos a média móvel de São Luís desta quarta-feira, 22, com a registrada no dia 18 de maio, quando chegou ao fim o lockdown de duas semanas, vemos que houve queda tanto nas mortes quanto nos casos de coronavírus. Por outro lado, em comparação com os dados de 1º de junho, os casos permanecem em queda, mas as mortes subiram.

Belém

A capital paraense chegou ao pico de casos e mortes junto com o período de lockdown, que chegou ao fim em 25 de maio. Na data de encerramento do lockdown, Belém registrou a segunda maior média móvel de casos em toda a pandemia: 468,9. Em seguida, houve uma queda no número de casos que durou até a abertura integral dos shoppings, em 8 de junho.

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A média móvel de casos chegou a 176,4 no dia 2 de julho, o menor número em um mês, mas voltou subir nos dias seguintes. Nesta quarta-feira, 22, a média móvel de casos de chegou a 249,7. O que indica que o cenário futuro gera um pouco de preocupação.

Em relação aos óbitos, o último dia do lockdown em Belém foi também o do registro da maior média móvel de mortes da pandemia na cidade: 65,3. A partir dessa data, os números passaram a cair. Houve um pequeno aumento na média móvel de óbitos na semana em que foi anunciada a abertura dos shoppings, mas a tendência de queda logo foi retomada.

Brasil

Nesta quarta-feira, 22, o Brasil registrou uma média móvel de novos casos de coronavírus de 37252,3 e de mortes de 1057. Os números são altos, mas estáveis em relação aos dados das últimas duas semanas. Por outro lado, em números absolutos, o país registrou recorde de novos casos nas últimas 24 horas, com 67.680 confirmações. No mesmo período foram 1.284 vítimas fatais, totalizando 82.771 mortes por coronavírus. O total de pessoas infectadas chegou a 2.227.514.

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