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Covid-19: Por que o Centro-Oeste foi a última região afetada pelo vírus?

O cenário pode ser explicado pela dimensão geográfica do país e pela sazonalidade da transmissão dos vírus respiratórios

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Alexandre Senechal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jul 2020, 23h10 - Publicado em 18 jul 2020, 18h41

A curva de contágio e de óbitos ainda sobe principalmente em duas regiões brasileiras: Sul e Centro-Oeste. O Centro-Oeste, no entanto, tem uma característica especial. Tem-se a impressão que o vírus chegou nessa região mais tarde em relação a outras áreas do país, mas, na verdade, os primeiros registros de casos confirmados por lá foram em março. Mas o número de casos confirmados se manteve baixo até o fim de maio, quando a curva começou a subir em todos os estados da região.

No último mês, a média móvel de casos confirmados no Centro-Oeste saiu de 2.500,3 para 3.695,3. No mesmo período, a média móvel de mortes saltou de 45 para 111,1.

Já o número de infectados no Centro-Oeste do país aumentou 47,8% neste sábado 18, em relação ao dia 18 de junho. Se compararmos ao dia 18 de maio, o aumento é mais expressivo: 732,1%. O número de óbitos por Covid-19 na região, por sua vez, cresceu 146,9% no último mês e 1.177% em comparação com dois meses atrás.

A taxa foi calculada por VEJA com base na média móvel, que compara a evolução da epidemia em blocos de sete dias, o que permite uma melhor avaliação ao anular variações diárias no registro e envio de dados pelos órgãos públicos de saúde – problema que ocorre principalmente aos finais de semana.

Mato Grosso do Sul lidera o crescimento. Foi o estado da Região Centro-Oeste com o maior crescimento no número de mortes, cerca de 350% no último mês. A média móvel de mortes do estado passou de 2 em 18 de junho para 9 neste sábado 18. Logo depois vem Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal. Também se tornou o local com maior aumento no número de infectados, com uma média móvel duas vezes maior na comparação com 18 de junho. Em segundo lugar está o Mato Grosso, onde a média móvel de novos infectados saiu de 345,7 para 724,4 no mesmo período. Em seguida, está o Distrito Federal. Curiosamente, em Goiás, parece haver uma leve queda no número de infectados.

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A explicação

Segundo especialistas ouvidos por VEJA, a ascensão da curva do Centro-Oeste em um momento em que outras regiões, como o Norte, Nordeste e Sudeste apresentam estabilização ou queda pode ser explicada pela dimensão geográfica do país e pela sazonalidade da transmissão dos vírus respiratórios.

“O avanço da pandemia para o Centro-Oeste está associado à dimensão continental do país e é causada pelo processo de interiorização. O vírus migra das capitais ou regiões que já foram fortemente afetadas para outras com maior quantidade de pessoas suscetíveis. Podemos ver o mesmo fenômeno nos Estados Unidos. Na Flórida, por exemplo, a situação parecia estar controlada há alguns meses e agora os casos explodiram”, explica o epidemiologista e infectologista Bruno Scarpellini, da PUC do Rio de Janeiro.

Os vírus respiratórios – estão incluídos nessa categoria o influenza, causador da gripe, e o novo coronavírus -, circulam mais no inverno devido ao clima mais seco e frio. No Brasil, em geral, a gripe costuma atingir as regiões Sul e Centro-Oeste entre junho e agosto. O coronavírus parece estar seguindo o mesmo padrão.

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Um terceiro fator que ajudou a atrasar o avanço da pandemia para essa região foram as quarentenas adotadas nas cidades que enfrentavam a epidemia de coronavírus no início do ano e a redução do fluxo de pessoas oriundas desses locais, para o Centro-Oeste. Mas, a medida que a flexibilização é iniciada e a circulação de pessoas retomada, o vírus continua a avançar em busca de pessoas suscetíveis para infectar.

Para o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz,o Centro-Oeste demorou para adotar as medidas de distanciamento social necessárias para controlar a doença e evitar o crescimento do número de casos. “A região corre um grande risco de sofrer um colapso no sistema de saúde, pois a rede de saúde tem baixa capacidade de atendimento em comparação com outros locais do país”, alerta Croda.

Brasil

Nos últimos dados disponibilizados, neste sábado, 18, o Ministério da Saúde registrou 28.532 novos casos e 921 novas mortes. No total, são 2.074.860 casos e 78.772 mortes confirmados em todo o território nacional. A média móvel de novos casos no país neste sábado é de 33.572,9 e a de mortes 1.043,3.

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Veja abaixo o gráfico de casos e mortes nos estados da região Centro-Oeste e no Distrito Federal.

Atualização: o Ministério da Saúde informou dados diferentes em relação ao Conass em seu relatório. A diferença estava nos números do Mato Grosso. A entidade informou que o Estado verificou que os dados divulgados nesta sexta-feira, 17, continham algumas duplicidades e foram corrigidos no boletim divulgado hoje. O Rio de Janeiro relatou dificuldades para realizar a exportação de dados e decidiu repetir o mesmo número de ontem. Os valores devem ser atualizados no boletim do domingo. Para fazer o levantamento da média móvel, VEJA utiliza os números disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Os dados do Conass sempre foram os mesmos do MS e são disponibilizados uma hora antes. Por isso, atualizamos os números a partir deles. Como neste sábado, 18, houve diferença nos dados do Mato Grosso, os números foram alterados após a publicação da matéria.

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