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Droga recreativa pode ser a chave contra a depressão grave

Um estudo mostra que a cetamina ajuda os pacientes a se tornarem menos sensíveis às informações negativas

Por Diego Alejandro
Atualizado em 6 out 2022, 17h34 - Publicado em 6 out 2022, 17h31
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  • Uma ampla frente de pesquisadores de institutos franceses identificaram um novo uso para a cetamina. A droga, geralmente usada como anestésico geral utilizado em procedimentos cirúrgicos, é  também recreativa, devido aos efeitos alucinógenos que causa, proporcionando a sensação de estar fora do corpo. Porém, durante o estudo, os cientistas experimentaram administrá-la a pacientes com depressão grave e resistente. 

    Os resultados demonstraram uma maior capacidade dos participantes de superar suas crenças negativas sobre si mesmos e sobre o mundo, quando os pesquisadores lhes apresentavam informações positivas. Publicados no JAMA Psychiatry, abrem novos caminhos terapêuticos para o manejo de transtornos de humor resistentes a antidepressivos.

    A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum: segundo a Organização Mundial da Saúde, 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. No Brasil, são mais de 11 milhões de casos. Todas as faixas etárias e classes sociais são afetadas.

    Cerca de um terço das pessoas com depressão não responde aos antidepressivos prescritos, levando a um diagnóstico de depressão resistente ao tratamento (TRD). Para essas pessoas, encontrar terapias novas e eficazes é uma prioridade.

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    A cetamina mostrou ser uma dessas alternativas. Enquanto os tratamentos antidepressivos convencionais levam tempo para serem eficientes (em média três semanas), a droga tem um efeito rápido, com apenas algumas horas após a administração. Os mecanismos associados a esse efeito de ação rápida ainda são desconhecidos.

    Estudo prático

    A equipe de pesquisa liderada por Philippe Fossati e Liane Schmidt, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde, da França, estruturou um estudo clínico envolvendo 26 pacientes resistentes a antidepressivos (TRD) e outros 30, saudáveis.

    Durante o protocolo, ambos os grupos ​​estimaram a probabilidade de 40 eventos “negativos” que poderiam ocorrer em suas vidas (por exemplo, sofrer um acidente de carro ou ter um câncer).

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    Após serem informados dos reais riscos de ocorrência na população geral, pacientes e indivíduos saudáveis ​​foram novamente solicitados a ‘chutar’ a probabilidade desses eventos ocorrerem em suas vidas. Os resultados mostraram que as pessoas saudáveis ​​tendiam a atualizar mais suas crenças iniciais após receberem informações factuais e positivas, o que não ocorreu na população de pacientes deprimidos.

    No conjunto do estudo, as pessoas com depressão receberam três administrações de cetamina em dose subanestésica (0,5 mg/kg em 40 minutos) em uma semana. Apenas quatro horas após a primeira dose, os pacientes tornaram-se menos sensíveis às informações negativas e recuperaram a capacidade de atualizar seus conhecimentos comparável ao grupo de controle.

    Assim, a melhora dos sintomas depressivos após o tratamento com cetamina foi associada a essas mudanças na atualização de crenças, sugerindo uma ligação entre a melhora clínica e alterações nesse mecanismo cognitivo.

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