Com o título “Glaucoma infantil: diagnóstico precoce é a melhor opção”, os três personagens, Íris, Glauco e Pio são os protagonistas de uma cartilha online que faz parte da campanha de conscientização sobre o glaucoma pediátrico da Sociedade Brasileira de Glaucoma.
As três personagens visam sensibilizar e aproximar as pessoas do tema, falando sobre quais são as funções de cada parte do olho, como o globo ocular funciona, quais são os sinais e sintomas do glaucoma infantil, como é feito o diagnóstico, como se dá o tratamento e quais são as recomendações de exames para as crianças em geral.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é responsável por 5% dos casos de cegueira em crianças em todo o globo. Isso significa que, de 1,5 milhão de crianças de 0 a 7 anos de idade, 75 mil ficaram cegas devido à doença, que não tem cura, porém tem tratamento.
Tipos de glaucoma
Separa-se o glaucoma infantil em duas categorias: primário e secundário. Quando nenhuma causa específica para a doença é identificada, denomina-se a condição de “glaucoma primário”. Quando a doença é resultado de um trauma ocular ou de uma doença sistêmica, ela é chamada de “glaucoma secundário”.
Dentro da primeira classificação, ainda há os subtipos congênito (que já nasce com a criança, e representa a variante mais comum da condição) e o glaucoma juvenil de ângulo aberto, que se desenvolve em crianças com mais de 3 anos de idade e se associa a olhos de tamanho normal e sem opacidade da córnea.
Sintomas
O glaucoma pode ocorrer em um ou ambos os olhos. Porém, se, entre adultos, o glaucoma é um mal silencioso, já que não são visíveis seus sintomas, nas crianças a doença aparece de forma mais clara.
A elevação da pressão intraocular (PIO), principal sinal do glaucoma infantil, provoca aumento de tamanho do olho dos bebês, a córnea pode ficar opaca e a criança tende a apresentar lacrimejamento excessivo e sensibilidade à luz (fotofobia).
“Além do glaucoma infantil causar diminuição da visão por lesões oculares diretas, ele pode levar à deficiência visual grave por aparecer em pacientes muito jovens e privar o cérebro de ‘aprender’ a enxergar (ambliopia)”, alerta o oftalmologista Alexandre Thomaz, que compõe o corpo clínico do Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo. Por isso, segundo o especialista, quanto mais cedo for detectada e tratada a anormalidade, maior será a chance de restabelecer e desenvolver a visão.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que a criança sem nenhum fator de risco realize, em primeiro lugar, o Teste do Olhinho ainda na maternidade e, depois, a primeira consulta com um oftalmologista entre 6 meses e um ano de vida. Toda criança deve passar por uma consulta de rotina com oftalmologista entre 3 e 5 anos.
Qual é a causa?
Existe um grupo grande e diverso de causas, explica a oftalmologista Hévila Rolim, professora de Oftalmologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e uma das autoras da cartilha. Os fatores de risco mais frequentes são genéticos, em especial quando os pais são consanguíneos e ou criança tem história familiar.
A doença também pode surgir em decorrência de cirurgia de catarata congênita, do uso de corticoides por longos períodos, de trauma ocular e de malformações do olho.
Tratamento
“O glaucoma infantil é uma doença que se comporta de forma diferente do glaucoma do adulto e, portanto, requer cuidados diferenciados” afirma a médica, que, ao lado das oftalmologistas Ana Flávia Belfort e Regina Cele Silveira Seixas, coordena o setor de Glaucoma Pediátrico da SBG.
Para o principal tipo de glaucoma infantil, o congênito primário, o tratamento é essencialmente cirúrgico, diferentemente do quadro em adultos, em que o tratamento começa com colírio. Na criança, ele pode ser usado até a operação ou como um coadjuvante ao tratamento cirúrgico.
A causa do glaucoma infantil está relacionada a um mau funcionamento do sistema de drenagem do olho (o “ralinho” responsável pelo escoamento do líquido produzido internamente no olho). O objetivo da cirurgia, então, é restaurar o escoamento desse líquido.