Um estudo científico baseado em projeções matemáticas publicado na segunda-feira, 16, apontou que se nada for feito pelos governos e pela população para conter a pandemia do novo coronavírus 2,2 milhões de pessoas podem morrer nos Estados Unidos e outras 510 000 pessoas no Reino Unido.
A pesquisa foi realizada pela Imperial College London e liderada pelo reconhecido epidemiologista Neil Ferguson — que depois de lançar o modelo matemático que correu o mundo apresentou sintomas característicos do novo coronavírus e contou em sua conta do Twitter ter testado positivo para a doença.
Além das vítimas fatais por Covid-19, a pesquisa também aponta que o grande volume de casos sobrecarregaria os sistemas de saúde locais. A análise foi feita em um cenário no qual ações de contenção e isolamento fossem ignoradas pela maior parte da população e apenas fosse levada em conta pela parte da população que apresentasse grandes riscos.
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Modelos utilizados
As duas estratégias fundamentais citadas pelo documento são a “mitigação”, que teria como papel principal afastar pessoas com quadro suspeitos e as já infectadas e seus contactantes, além de propor o isolamento em casa somente dos grupos de risco; e a “supressão”, que levaria em consideração as ações acima e mais o distanciamento social para toda a população, com escolas e universidades fechadas, além da orientação de evitar sair de casa e frequentar ambientes com grande número de pessoas.
O documento aponta que a eficácia de qualquer intervenção isolada é limitada e que impactos efetivos só serão alcançados com a combinação de ações. A pesquisa diz que 81% da população destes países seria infectada e que o pico de mortes atingiria seu auge em 3 meses, com a ausência das medidas citadas.
Há ainda a desafiadora previsão de que as medidas de “supressão” deveriam ser tomadas pelos próximos 18 meses ou até quando estima-se que uma vacina específica para a doença seja desenvolvida.
O modelo foi criado levando em consideração uma estratégia britânica até então baseada na “imunização por rebanho” que, em resumo, significaria deixar que grande parte da população entrasse em contato com o vírus de forma branda e deste modo desenvolvesse imunização à enfermidade, dificultando sua propagação.
Caso apenas o modelo de “mitigação” fosse seguido isoladamente, o estudo aponta que a média de mortes para os EUA estaria entre 1 e 1,2 milhão de pessoas e de 250 000 para o Reino Unido. Ainda que o sistema de saúde atendesse a todos os infectados.
Impacto nos países citados
Logo após a publicação da pesquisa, o primeiro-ministro britânico passou a orientar a população que ficasse em casa e evitasse contato próximo entre si. A Casa Branca também passou a aceitar o isolamento como uma medida necessária para conter o impacto do coronavírus em todo o país.
Mas ainda há muito o que ser mudado. Na sexta-feira, 21, o Imperial College publicou mais uma pesquisa na qual diz que apenas metade dos britânicos cumpriram a orientação de evitar áreas com grandes concentrações de pessoas. Uma maior parte (82% das pessoas entrevistadas) disse ter aumentado a frequência com que lava as mãos.