Gripe aumenta em seis vezes risco de um ataque cardíaco. Vacine-se!
Estudo confirma estreita relação entre infecção pelo vírus influenza e maior risco de problemas graves no coração. Campanha de imunização está aberta
Há boas razões para vacinar-se contra a gripe, a começar por evitar um fim de semana de cama, com tosse, nariz escorrendo e dores pelo corpo. Mas, se isso não é o bastante para convencê-lo, que tal reduzir as chances de sofrer um ataque cardíaco?
Não é de hoje que a ciência liga infecções pelo vírus influenza a um maior risco de infarto e outras complicações no coração. E um novo estudo, realizado na Holanda, não só confirmou essa conexão como mensurou o tamanho do problema. A conclusão: a taxa de ataques cardíacos aumenta seis vezes entre pacientes internados com gripe.
A análise, recém-divulgada em um congresso médico, foi feita por uma equipe da Universidade Centro Médico de Utrecht e contempla dados de mais de 26 mil amostras de pacientes coletadas em 16 laboratórios dos Países Baixos, que cobrem cerca de 40% da população. Os pesquisadores compararam a propensão a um infarto na primeira semana após o diagnóstico de gripe com o cenário de um ano atrás.
A alta incidência de doença cardíaca pós-infecção é também atribuída ao fato de os pacientes avaliados já apresentarem quadros mais severos e necessitarem de internação. Na Holanda, a maioria dos testes para influenza é feita no contexto hospitalar.
O estudo europeu soma provas à associação entre gripe e problemas sérios no coração e corrobora achados como o de uma investigação canadense de 2018. Pesquisas pelo mundo, inclusive feitas no Brasil, indicam que a vacinação diminui a probabilidade desses eventos.
Sabe-se que a infecção expõe o corpo a um processo inflamatório e a alterações na coagulação do sangue e, em pessoas com maior risco cardiovascular, essas mudanças contribuem para obstruções nas artérias, o fator por trás de infartos.
Vacina disponível
O imunizante contra a gripe, renovado ano a ano para pegar os principais vírus circulantes, é considerado a arma mais efetiva para combater a doença. O Ministério da Saúde deu início à campanha de vacinação em 10 de abril, focando, primeiramente, em grupos prioritários, como gestantes, idosos e pessoas com a imunidade comprometida.
Mas uma avaliação do status de imunização no estado de São Paulo indica que menos de um terço do público-alvo recebeu sua dose. Especialistas veem a situação com preocupação.
Além da vacina disponível no SUS, que cobre três cepas dominantes do influenza, há duas versões tetravalentes fornecidas na rede privada.
Nesta semana, o governo americano anunciou o início dos testes com uma vacina universal, baseada na tecnologia de RNA (a mesma da Pfizer contra a Covid-19), que poderia aprimorar o controle do agente infeccioso, se demonstrar boas taxas de segurança e eficácia.