Higienização de ferida pode ser mais efetiva que antibiótico
Estudo preliminar defende lavagem e drenagem da área infectada por bactéria
Um estudo conduzido pelo Johns Hopkins Children´s Center, dos Estados Unidos, mostra que a higienização da pele infectada por alguns tipos de bactéria pode ser mais efetiva do que o uso do antibiótico meticilina. As conclusões serão publicadas na edição de março do periódico Pedriatrics.
Para conduzir a pesquisa, os especialistas lançaram mão de dois antibióticos regularmente usados no tratamento de infecções pela bactéria Staphylococcus aureus. Aleatoriamente, 191 crianças voluntárias, que tinham entre seis meses e 18 anos de vida, receberam cefalexina, um antibiótico clássico, mas pouco eficiente na cura desse tipo da bactéria, ou clindamicina, conhecido por sua eficácia contra as cepas mais resistentes.
Os resultados do levantamento mostraram que a cura da infecção estava diretamente ligada aos cuidados com a ferida, e não com o antibiótico utilizado: 95% das crianças observadas tiveram uma recuperação completa após uma semana de tratamento, não importando o antibiótico com que foram tratadas. “O que realmente faz diferença no cuidado com a ferida é a limpeza e a drenagem do machucado, ou seja, é preciso apenas manter o local sempre limpo”, diz Aaron Chen, líder do estudo.
Apesar da descoberta, os especialistas evitam advogar em favor da retirada da medicação nos casos de tratamento de infecções. Para eles, estudos mais aprofundados sobre a verdadeira eficácia dos antibióticos nessas situações específicas ainda são necessários.
Prescrição – Os antibióticos podem causar sérios efeitos colaterais e resistência à droga, além de aumentar os custos do tratamento. “Muitos médicos compreensivelmente entendem que os antibióticos são imprescindíveis no tratamento contra infecções por bactéria”, afirma George Siberry, pesquisador e pediatra do Johns Hopkins Children´s Center.