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‘Hormônio do amor’ ajuda no controle da obesidade, revela estudo

A ocitocina diminui a expectativa de prazer liberada pelo cérebro quando o obeso consome alimentos calóricos -- controlando o comportamento alimentar

Por Redação
1 abr 2019, 18h32
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  • A ocitocina, mais conhecida como ‘hormônio do amor’, está relacionada a diversas atividades essenciais do ser humano, incluindo interações sociais, reprodução sexual e ansiedade. Agora, cientistas revelaram que a atuação desse hormônio se estende também para a nossa relação com a comida. Essa descoberta pode indicar que a ocitocina pode ser usada como forma de tratamento para a obesidade, pelo menos é o que afirma estudo apresentado durante a ENDO 2019, uma conferência médica realizada semana passada nos Estados Unidos.

    E de que forma a ocitocina seria usada como tratamento? Bem, quando o ser humano olha para um alimento altamente calórico, o cérebro ativa regiões relacionadas ao sistema de recompensa, ou seja, ele entende que a ingestão desse alimento vai proporcionar sensações de prazer e satisfação. Essa reação é uma processo normal do organismo. Mas, no caso de indivíduos obesos, essa atividade cerebral é maior do que a esperada mesmo quando eles já estão satisfeitos. Por causa disso, acontece uma ingestão excessiva de calorias. É aí que a ocitocina entra. O ‘hormônio do amor’ reduz a ativação de parte do sistema de recompensa, diminuindo a expectativa de prazer que acompanha a alimentação. Essa atuação ajuda a controlar o comportamento alimentar

    “Esse resultado é um passo crítico para estabelecer a ocitocina como um tratamento medicamentoso para a obesidade provocada pela ingestão excessiva de alimentos”, explicou Liya Kerem, principal autora do estudo, em comunicado.  

    Mais satisfação, menos comida

    Os novos resultados foram baseados na observação de 10 participantes jovens que tinham sobrepeso ou eram obesos. Esses indivíduos foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu uma dose única de spray nasal de ocitocina; já o segundo ganhou uma dose de placebo (substância sem propriedades farmacológicas). Nenhum dos grupos estava ciente do que recebia. Uma hora depois da medicação, os cientistas apresentaram diversas imagens para os voluntários, incluindo alimentos altamente calóricos, produtos de baixa caloria e itens não alimentícios.

    A reação de todos os participantes foram acompanhadas através de ressonância magnética funcional para detectar variações no fluxo sanguíneo em resposta à atividade neural; neste caso, do sistema de recompensa. Os resultados mostraram que a ocitocina enfraqueceu a conetividade funcional entre a área tegmental ventral (VTA, na sigla em inglês) – responsável pelo sistema de recompensa – e as áreas do cérebro relacionadas à motivação alimentar. Esse resultado não se repetiu nos participantes que receberam placebo. 

    Este estudo é empolgante porque mostra que a oxitocina modula as vias do cérebro durante as respostas a alimentos altamente palatáveis ​​e recompensadores”, comentou Liya. Estudos anteriores já haviam encontrados resposta similares ao spray nasal de ocitocina. Por causa disso, os pesquisadores acreditam que esse método pode ser usado no tratamento da obesidade e garantir resultados significativos. 

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    Obesidade no Brasil

    Dados de 2018 do Ministério da Saúde indicam que 18,9% da população acima de 18 anos nas capitais brasileiras é obesa. O porcentual é 60,2% maior do que o obtido na primeira vez que o trabalho foi realizado, em 2006, quando essa parcela era de 11,8%. Esses números preocupam porque a doença está associada a outra série de condições de saúde perigosas, incluindo doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer. Aliás, estudo do ano passado publicado no periódico Cancer Epidemmiology indicou que o Brasil terá 640.000 casos de câncer em 2025 – e quase 30.000 deles vão estar associados à obesidade.

    Por causa disso, novas formas de tratar a obesidade representam uma esperança para os pacientes já que ajudam a controlar a doença e, consequentemente, limitar as comorbidades e outros riscos de saúde.

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