Em um mundo onde o consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas só aumenta, um estudo da Universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, avaliou como 93 países estão incentivando suas populações a trocar o refrigerante por água. Entre eles, o Brasil se destaca com diretrizes que promovem a água como a escolha mais saudável, mas ainda há espaço para melhorias. A pesquisa desenvolveu uma ferramenta que analisa a clareza e eficácia das recomendações de hidratação saudável, ajudando a combater doenças como obesidade e diabetes.
A ferramenta criada pelos pesquisadores avalia seis critérios principais nas diretrizes alimentares de cada país: clareza das mensagens, acessibilidade para os consumidores, justificativa das recomendações, aplicabilidade das orientações, especificidade em termos de quantidade recomendada e conteúdo visual. Esses critérios resultam em uma pontuação, que varia de 0 a 12, refletindo o quanto as diretrizes alimentares de cada país são eficazes na promoção da água como a bebida padrão e no desestímulo ao consumo de bebidas açucaradas.
A situação no Brasil
No caso do Brasil, o estudo revelou que, apesar de não possuir um imposto específico sobre bebidas açucaradas, o país adota diretrizes que incentivam o consumo de água e a redução do açúcar na dieta.
As diretrizes alimentares brasileiras, no entanto, receberam uma pontuação mediana, indicando que as recomendações poderiam ser mais específicas e acessíveis para atingir uma eficácia ainda maior. Comparado a outros países da América Latina, como Bolívia e Peru, que lideram o ranking com as maiores pontuações, o Brasil tem margem para aprimorar suas estratégias.
Políticas complementares podem potencializar resultados
Os pesquisadores destacam que países com diretrizes mais claras e campanhas de conscientização bem estruturadas tendem a obter melhores resultados na promoção de hábitos saudáveis. Em países como o Brasil, onde o consumo de bebidas açucaradas ainda é elevado, fortalecer essas diretrizes pode ser essencial para melhorar a saúde da população a longo prazo.
Além disso, o estudo sugere que políticas complementares, como a taxação de bebidas açucaradas e o investimento em campanhas de conscientização sobre os riscos do consumo excessivo de açúcar, podem potencializar os efeitos das diretrizes alimentares.
Vivica Kraak, pesquisadora sênior do estudo, enfatiza em comunicado a importância de políticas coerentes e integradas: “Quando os governos desenvolvem políticas, é crucial que as diretrizes alimentares nacionais estejam alinhadas com as legislações fiscais sobre bebidas açucaradas para promover a água como a bebida padrão e saudável”. Esse alinhamento de políticas poderia contribuir significativamente para a redução dos índices de obesidade e outras doenças crônicas associadas ao consumo de açúcar.