Ministério da Saúde lança campanha nacional de prevenção à monkeypox
Objetivo da ação é informar a população brasileira sobre os sintomas da doença, além de evitar a estigmatização dos pacientes infectados pelo vírus
O Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira, 22, a Campanha Nacional de Prevenção à Monkeypox, mais conhecida como varíola dos macacos, para informar a população sobre os sintomas da doença e evitar a estigmatização dos pacientes infectados pelo vírus. O anúncio sobre a peça publicitária ocorreu após a liberação dada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para veiculação da campanha na última terça-feira, 16. Em anos eleitorais, qualquer tipo de publicidade institucional é proibida pela Constituição, mas a exceção foi aberta diante do avanço da doença no país e no mundo.
Para a divulgação de informações sobre a monkeypox, foi criado um site sobre o tema. Segundo o ministério, já foram realizadas reuniões com entidades da sociedade civil que atuam com as populações mais atingidas pelo vírus no momento, os homens que fazem sexo com homens, e treinamento dos profissionais de saúde.
O Ministério da Saúde iniciou no mês passado as tratativas com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a OMS para a compra de 50 mil doses da vacina contra a doença. A previsão é de que a primeira remessa chegue ao país no próximo mês.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que essas doses serão suficientes para vacinar 25 mil pessoas e serão direcionadas para profissionais da saúde que atuam diretamente com o vírus.
“Queremos trazer uma palavra de tranquilidade para a população brasileira. A campanha tem o objetivo de informar bem a sociedade sobre a doença. Queremos oferecer informações para baixar essa curva.”
Em relação ao tratamento, o ministério disse que fez a solicitação de dez tratamentos imediatos do antiviral tecovirimat e de outros 50 para casos graves da doença. Há ainda o transporte de 12 tratamentos doados pelo laboratório produtor e o processo de compra de mais 504 tratamentos foi iniciado.
Nos Estados Unidos, o medicamento tem aprovação da agência reguladora Food and Drug Administration (FDA) para uso em casos de varíola humana, doença erradicada em 1980, mas recebeu recomendação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para utilização expandida em pacientes com monkeypox. A indicação é para episódios graves, imunossuprimidos, gestantes, lactantes e crianças. A eficácia para varíola dos macacos ainda é estudada, mas há dados que sugerem que o medicamento pode encurtar a disseminação viral e a duração da doença.
Representante da Opas/OMS no Brasil, Socorro Gross destacou a importância de combater o preconceito sobre a doença. “Temos poucas evidências de efetividade dos tratamentos e da vacina, então, a população tem de saber como fazer a prevenção e temos de evitar a discriminação das populações infectadas.”
Em julho, a zoonose viral foi considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) pela Organização Mundial da Saúde e, até o momento, contabiliza 41,5 mil casos no mundo em 96 países, segundo dados apresentados na coletiva. No Brasil, foram confirmados 3.756 casos e uma morte.
Monkeypox
Descoberta em 1958, a monkeypox (varíola dos macacos) recebeu esse nome por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores, e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.
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Entre os sintomas, estão: febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. Antes do surto, a doença era considerada endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.
Análises preliminares sobre os primeiros casos do surto na Europa e na América do Norte demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. No entanto, a OMS já alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado.