Novo estudo explica ligação entre diabetes e infecção urinária
Sistema imunológico de pessoas com a doença tem níveis mais baixos de peptídeo que protege bexiga
O Atlas da Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes, mostrou que 6,7 milhões de pessoas morreram no mundo em decorrência da doença no ano passado. Entre os vários motivos que podem explicar este número, estão a baixa imunidade e infecções recorrentes, comuns em diabetes tanto no tipo 1 quanto no tipo 2. Pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, agora mostram, em um estudo publicado na Nature Communications, que o sistema imunológico de pessoas com diabetes tem níveis mais baixos de um peptídeo específico que aumenta o risco de infecções do trato urinário (ITU) causadas pela bactéria E. coli.
Sem contar que é mais provável, também, que levem ao envenenamento geral do sangue, a sepse, com origem no trato urinário. A partir do achado, os cientistas investigam se os níveis de glicose em pessoas com diabetes (tipo 1, tipo 2 ou pré-diabetes) estão ligados à psoriasina, um antibiótico endógeno que faz parte do sistema imunológico inato.
Usando urina, células da bexiga urinária e amostras de soro sanguíneo de pacientes, os pesquisadores analisaram os níveis de psoriasina e outros peptídeos necessários para garantir que a mucosa da bexiga permaneça intacta e proteja contra infecções. Os resultados foram, então, verificados em camundongos e células da bexiga urinária com e sem infecção.
“Descobrimos que altas concentrações de glicose reduzem os níveis do peptídeo psoriasina, enquanto a insulina não tem efeito”, diz Annelie Brauner, professora do Departamento de Microbiologia, Tumores e Biologia Celular do Karolinska Institutet, que liderou o estudo. “Pessoas com diabetes têm níveis mais baixos de psoriasina, o que enfraquece a função de barreira protetora das células e aumenta o risco de infecção da bexiga”.
Tratamento com estrogênio
O grupo de pesquisa tinha mostrado anteriormente que o tratamento com estrogênio restaura a função protetora das células da bexiga em humanos e camundongos e, assim, ajuda a regular a resposta imune a uma infecção do trato urinário. Cientes disso, os pesquisadores testaram como o tratamento com estrogênio afeta células infectadas expostas a altas concentrações de glicose. Eles descobriram que o tratamento aumentou os níveis de psoriasina e reduziu as populações bacterianas, indicando que o tratamento pode ter efeito também entre pacientes com diabetes.
“Agora planejamos investigar mais profundamente os mecanismos subjacentes de infecções em indivíduos com diabetes”, diz o principal autor do estudo, Soumitra Mohanty, pesquisador do mesmo departamento do Karolinska. “O objetivo final é reduzir o risco de infecção neste crescente grupo de pacientes”.