Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma

PEC do Plasma: entenda polêmica que envolve sangue humano

Proposta prevê possibilidade de processamento e venda de componente pela iniciativa privada; CCJ incluiu votação na pauta desta quarta

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2023, 10h22 - Publicado em 4 out 2023, 10h00

Após ser adiada sete vezes, a última no fim de agosto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado incluiu na pauta desta quarta-feira, 4, a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 10/2022, mais conhecida como PEC do Plasma, que prevê a liberação da coleta, processamento e comercialização pela iniciativa privada deste componente do sangue usado no desenvolvimento de tratamentos para algumas doenças. A proposta, se for adiante, altera o artigo 199 da Constituição, que impede a retirada de tecidos, órgãos e substâncias de seres humanos mediante remuneração.

O debate sobre o tema tem sido intenso e polêmico dentro e fora do Senado. Os parlamentares têm feito alterações no texto para entrar em um consenso sobre o processamento do plasma pela rede privada, algo que é feito apenas na esfera pública. O ponto que mais causou discussão foi a possibilidade de remunerar a coleta do material, ou seja, pagar os doadores. Um novo relatório, no entanto, foi apresentado pela relatora, a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), com a ideia de que uma futura lei tenha como foco o pagamento pela coleta.

Ao justificar o projeto, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) explica que o país desperdiça grande quantidade do plasma, usado na composição de medicamentos hemoderivados destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), que podem ajudar pacientes com hemofilia, por exemplo, é desperdiçada. Ele apresentou dados do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontam perda de cerca de 600 mil litros de plasma entre 2017 e 2020.

Foram feitas emendas no texto que pode ser votado nesta quarta-feira. Entre elas, a determinação de que o material pode ser usado no desenvolvimento de novas tecnologias e que o processamento pela rede privada deve estar sujeito às necessidade dos Ministério da Saúde, que precisará fornecer uma autorização específica.

Debate nas redes pública e privada

Na semana passada, a ministra da Saúde Nísia Trindade declarou que a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) atua no desenvolvimento de produtos derivados do sangue e que, ainda neste ano, começará a entregar o fator 8 para quem vive com hemofilia. Em 2025, está prevista a oferta de outros produtos obtidos a partir do plasma. Nísia cravou que o governo trabalha “para que o sangue não seja uma mercadoria”.

Continua após a publicidade

A posição é endossada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Carlos Gadelha. “O Brasil não pode voltar ao tempo em que as pessoas em situação de pobreza vendiam o sangue. A Constituição trouxe uma conquista para a população e o sangue é doado por altruísmo e passa por rigorosa avaliação. Seria uma regressão civilizatória.”

Em entrevista a VEJA, Gadelha diz que já há parcerias com a iniciativa privada na cadeia de processamento do plasma e que o projeto não vai estimular as doações de sangue. “Se o sangue virar uma mercadoria, pode ser usado para exportar e causar um apagão no país.”

Sobre o desperdício citado na proposta, ele nega. “Trabalhamos com câmaras frias de processamento e, fora a reserva técnica infinitesimal, a perda é nula.” Segundo ele, a perda pode ocorrer se a Hemobrás, cuja planta vai começar a rodar para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim deste ano, for deixada de lado com o avanço da proposta. “Foi um investimento de R$ 1,4 bilhão e são 17 blocos construídos. Isso pode inviabilizar o maior investimento em biotecnologia no Nordeste do país.”

Continua após a publicidade

Presidente da Associação Brasileira de Banco de Sangue (ABBS) – ligada aos serviços privados -, Paulo Tadeu Rodrigues de Almeida diz que a Hemobrás começou a ser construída há 19 anos e, mesmo quando estiver atuando em plena capacidade, não vai atender toda a demanda do país.

“A gente torce para que a Hemobrás passe a cumprir o papel dela, mas ela não vai conseguir atender mais do que 60% do país, porque não tem capacidade nem matéria-prima.”

Almeida afirma que a PEC resolveria esse problema e evitaria o montante descartado pela iniciativa privada, que, na atual regra, não pode processar o material.

Continua após a publicidade

“A situação não permite o envio para a indústria. Não podemos mandar o plasma para a indústria lá fora e temos de descartar. A gente acredita que existe espaço para que iniciativa pública e privada atuem, porque é algo que beneficia todos os brasileiros.”

(com Agência Brasil e Agência Senado)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.