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Por que as meninas estão menstruando mais cedo? Novo estudo investiga

Pesquisa aponta obesidade e exposição a agentes químicos como fatores para menarca precoce, condição ligada a riscos físicos e emocionais

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2024, 13h58 - Publicado em 26 jun 2024, 13h32
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  • Menstruação
    MENARCA PRECOCE: meninas que menstruam mais cedo enfrentam desafios físicos e psíquicos (Thinkstock/VEJA/VEJA)

    Segundo um novo estudo publicado no periódico médico JAMA Network Open, houve uma diminuição significativa na idade da primeira menstruação ao longo das décadas. Enquanto a média de idade para a primeira menstruação era de 12,5 anos entre aquelas nascidas entre 1950 e 1969, esse número caiu para 11,9 anos entre aquelas nascidas entre 2000 e 2005. 

    A pesquisa, que analisou dados de mais de 71 mil mulheres nascidas entre 1950 e 2005, também revelou que a porcentagem de meninas que tiveram a menarca antes dos 11 anos aumentou de 8,6% para 15,5% no mesmo período. Além disso, houve um aumento no tempo necessário para que os ciclos menstruais se regularizem após a menarca.

    Menos da metade das mulheres que atingiram a menarca entre 2000 e 2005 relataram ter ciclos regulares dentro de dois anos, comparado a mais de 75% das mulheres nascidas entre 1950 e 1969.

    O que está por trás?

    Vários fatores foram apontados como contribuintes para essa tendência. A obesidade infantil emergiu como um dos mais significativos. A análise sugere que o aumento do índice de massa corporal (IMC) durante a infância pode explicar cerca de 46% dos casos de menarca precoce. Os pesquisadores afirmam que o tecido adiposo adicional pode influenciar a produção de hormônios que aceleram o início da puberdade.

    Além disso, a exposição a substâncias químicas conhecidas como disruptores endócrinos, presentes em plásticos, pesticidas e outros produtos, também pode interferir no desenvolvimento hormonal das crianças. Estresse psicológico e socioeconômico na infância e mudanças no padrão alimentar são outros fatores que podem estar por trás do cenário. Outras questões que parecem influir, segundo o estudo, são o ambiente familiar e o nível de atividade física. 

    Disparidades e implicações

    O trabalho do JAMA revelou disparidades significativas na tendência de menarca precoce e dificuldades adicionais para a regularização do ciclo, com maior prevalência entre meninas de status socioeconômico mais baixo. A exposição a condições de vida mais estressantes, menor acesso a alimentos saudáveis e falta de cuidados com a saúde são alguns dos fatores que contribuem para uma menstruação mais cedo.

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    O estudo destaca algumas implicações para a saúde associadas à menarca precoce. Entre os principais, menciona-se um risco ligeiramente maior de doenças cardiovasculares na vida adulta e aumento na incidência de certos tipos de câncer, como o de mama e o endométrio. Essa propensão pode ser explicada pela exposição prolongada ao estrogênio, embora seja importante notar que a presença de outros fatores, como genética e estilo de vida, também desempenham um papel na história.

    Outro ponto levantado é o possível aumento no risco de distúrbios metabólicos, como diabetes tipo 2. A menarca precoce pode indicar alterações no desenvolvimento hormonal que se manifestam mais tarde na vida. No entanto, manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada e atividade física regular, pode ajudar a minimizar o perigo.

    O que fazer? 

    Helga Marquesini, ginecologista e obstetra do Hospital Pro Matre Paulista, explica que prestar atenção às transformações do corpo feminino é fundamental: “O primeiro sinal da puberdade, o aparecimento do broto mamário, ocorre entre os 8 e 13 anos de idade. Geralmente, após uns dois anos, chega a menarca”. No entanto, a médica afirma que, apesar de ser menos comum, em 15% das meninas pode haver o aparecimento de pelos pubianos em vez ou em conjunto dos brotos mamários. 

    De qualquer forma, Marquesini recomenda que, se essas mudanças corporais acontecem antes dos 8 anos de idade, o ideal é procurar atendimento médico, com um endocrinologista ou um ginecologista infanto-puberal. 

    No aspecto psicológico, as meninas que menstruam mais cedo podem enfrentar desafios emocionais e sociais, como ansiedade e baixa autoestima. “A pessoa deixa de ser uma criança e passa por um intensa transformação biológica, psicológica e social que tem a ver com o seu desenvolvimento sexual”, explica a especialista.

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    Isso por si só já causa um grande impacto mental nas meninas, mas a ginecologista ressalta que, quando essas transformações acontecem muito antes dos 8 anos ou muito depois dos 13, ou seja, nos extremos da faixa esperada para a puberdade, pode haver danos psicológicos mais sérios. 

    Nesse sentido, o apoio familiar e escolar adequado pode ajudar a minimizar impactos, promovendo um ambiente positivo e acolhedor. “O importante é se mostrar aberto ao diálogo para que seja possível detectar esses fatores de alteração de saúde mental, mesmo que não seja fácil, porque também é um momento de muita mudança de como a pessoa se insere no contexto social”, diz Marquesini.

    Promover a discussão sobre esses temas é fundamental para a educação e a conscientização sobre saúde menstrual e reprodutiva. Para isso, os pais, cuidadores e profissionais da saúde e da educação devem estar conscientes e bem informados, a fim de fornecer o suporte necessário e garantir o bem-estar físico e emocional das meninas.

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