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Prótese nos seios pode causar tipo raro de linfoma, diz FDA

Segundo uma análise preliminar, o problema parece ser mais incidente em pacientes que têm próteses com textura

Por Da redação
Atualizado em 28 mar 2017, 18h15 - Publicado em 22 mar 2017, 16h41

A FDA, agência americana responsável pelo controle de alimentos e medicamentos, relatou na terça-feira casos e mortes de pacientes com um tipo raro de câncer associado a próteses nos seios. No comunicado, o órgão disse ter recebido, até o dia 1º de fevereiro, relatos de 359 casos, incluindo nove mortes, de mulheres com linfoma anaplásico de células grandes, tumor que afeta o sistema linfático. 

Em 2011, a FDA já havia identificado uma possível associação entre o desenvolvimento do tumor e os implantes mamários. No entanto, na época o número de casos relatados não era o suficiente para determinar quais fatores contribuíam para o aumento do risco. Desde então, a agência passou a monitorar os casos deste tipo de câncer em mulheres com próteses.

Prótese com textura

Nos casos relacionados aos implantes, a doença se desenvolve nos seios, geralmente no tecido formado ao redor da prótese. Segundo uma análise preliminar, o problema parece ser mais incidente em pacientes que têm próteses com textura. Dos 359 casos relatados, 231 incluíam informações sobre a superfície do implante. Destes, 203 eram texturizados e 28 lisos. Já o conteúdo da prótese parece não ter relação com a doença. Dos 312  relatos com essa informação, 186 eram de gel de silicone e 126 de solução salina.

O cirurgião plástico Alex Wong, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia, explicou ao jornal americano The New York Times que a reação do corpo a próteses texturizadas é diferente das lisas, pois os tecidos crescem nas ranhuras microscópicas. “Nós ainda estamos tentando entender por que a superfície importa”, ressaltou Wong, acrescentando que em alguns casos o câncer parece estar associado com infecções bacterianas.

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Prótese de silicone -
Prótese mamária com textura (iStock/Getty Images)

Tratamento: remoção do implante

A doença geralmente é descoberta após o surgimento de sintomas, como nódulos, dor, acúmulo de líquidos e inchaço. Na maioria dos casos, a doença é tratada com a remoção do implantes e do tecido ao redor, mas algumas pacientes precisam de terapias mais agressivas, como quimioterapia e radiação.

Frente às evidências, a FDA passou a concordar com a Organização Mundial de Saúde, que já havia concluído que a doença está relacionada com os implantes.

Sem pânico

Apesar das evidências, a FDA ressaltou que o desenvolvimento do linfoma é muito raro e, portanto, mulheres que possuem próteses e nunca tiveram problemas, não precisam removê-las. Por outro lado, as que desejam realizar a cirurgia, devem estar atentas ao risco.

De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos, em 2016, cerca de 290.000 mulheres passaram por cirurgias estéticas de aumento dos seios e 109.000 receberam implantes reconstrutivos após a realização de mastectomias.

Em nota enviada por e-mail, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ressaltou que “as evidências científicas da literatura mostram que este tipo de tumor, representa 0,0003 % de mulheres portadoras de implante, o que demostra uma incidência extremamente baixa, e que, segundo a FILACP (Federação Latino-americana de Cirurgia Plástica), não permite estabelecer nenhuma associação estatisticamente significativa entre o surgimento do Linfoma Anaplásico de Grandes Células e qualquer característica de implantes, do paciente ou do tipo de cirurgia. Mesmo assim esta possibilidade deve fazer parte de protocolo de seguimento dos pacientes, principalmente nos casos de seromas tardios, bem como deve constar do instrumento de consentimento informado.

Diante do exposto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) tranquiliza a população, portadora de implantes ou não, reiterando a afirmação do FDA em seu comunicado que diz: ‘se você é portadora de implantes mamários não há necessidade de mudar os cuidados médicos de rotina e acompanhamento’.”

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