“Repelentes podem desencadear alergias respiratórias ou sintomas dermatológicos, como irritação na pele ou nas mucosas”
Fátima Rodrigues Fernandes, pediatra e alergista do Hospital Infantil Sabará
Repelentes contra insetos têm a importante função de proteger crianças contra mosquitos que podem transmitir doenças como a dengue e a malária. Mas os pais precisam saber que eles, além de não ser recomendados para todas as idades, podem trazer riscos à saúde. Um de seus principais componentes, a dietiltoluamida (DEET), pode ser tóxica em concentrações elevadas e provocar mais danos que benefícios a quem usa, especialmente nas crianças.
Utilizada na maioria dos produtos vendidos no mercado, a DEET é responsável pelo odor que repele os mosquitos. Quanto maior a concentração, maior a capacidade de afastar os insetos e a duração do repelente. A utilização do produto, porém, deve ser limitada para evitar danos à saúde de crianças.
“A alta concentração pode desencadear alergias respiratórias ou sintomas dermatológicos, como irritação na pele ou nas mucosas”, afirma Fátima Rodrigues Fernandes, pediatra e alergista do Hospital Infantil Sabará. “Uma dose indevida pode trazer consequências a uma criança que ainda está em desenvolvimento”, completa.
Por causa disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende aumentar o rigor sobre a comercialização desses produtos. Em consulta pública até o dia 16 de março, a proposta visa a regulamentação dos produtos cosméticos contra insetos, como cremes, sprays e aerossóis, a partir da criação de uma padronização para rotulagem e exigindo testes de segurança e eficácia do produto. Caso aprovado, o documento será publicado como resolução e os fabricantes terão até seis meses para se adequar às normas.
Segundo especialistas consultados pelo site de VEJA, faltam estudos sobre a eficácia dos produtos e as consequências de altas concentrações para determinadas idades. “A resolução se aplica a todos os produtos cosméticos com finalidade de repelência. Vale para todo mundo”, diz Sérgio Grasse, da toxicologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nesse caso, também se encaixam os repelentes à base de icaridina e os naturais, à base de citronela.
Antes de aplicar em crianças, confira abaixo as recomendações dos especialistas sobre as quantidades recomendadas e alternativas aos repelentes:
Arte VEJA – Luciana Martins