O número de casos de sarampo confirmados no Brasil subiu para 1 053, de acordo com dados atualizados pelo Ministério da Saúde. No último boletim, divulgado na semana passada, eram 822 casos – 97% deles no Amazonas e Roraima, estados que enfrentam surto de sarampo, todos importados da Venezuela. Os 231 novos casos representam um aumento de 21,9% no período de uma semana.
Até quarta-feira, foram confirmados 742 casos de sarampo no Amazonas, contra 519 na semana passada (30% a mais); Roraima também registrou aumento: eram 272, agora são 280 (2,8% a mais). Outros casos isolados – também de importação – foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13), Rondônia (1) e Pará (2). Os números são os mesmo da semana passada. Ainda há 4.576 casos em investigação, 97,6% deles no Amazonas.
Essa é a primeira vez em 19 anos que o Brasil registra um número tão alto de casos da doença em um único ano. Em 1999, foram 908 casos de sarampo no país. Segundo o Ministério, entre 2013 e 2015, outros surtos causados por importação foram registrados (1.310 casos); os estados mais afetados foram Pernambuco e Ceará.
O Ministério da Saúde informa que permanece acompanhando a situação, além de realizar medidas de vacinação de bloqueio, mesmo em casos suspeitos.
Campanha de vacinação
A vacina contra o sarampo faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e é ofertada gratuitamente pelo SUS. Este ano, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo será realizada a partir da próxima segunda-feira. O Dia D está agendado para 18 de agosto. A meta é imunizar no mínimo 95% das mais de 11 milhões de crianças dentro da faixa etária determinada.
Todas as crianças com idade entre 1 ano e 5 anos devem ser levadas aos postos de saúde – mesmo que já tenham sido imunizadas anteriormente. A indicação é que elas recebam uma dose da tríplice viral (que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba) aos 12 meses e uma da tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela) aos 15 meses. Crianças entre 5 e 9 anos que não foram vacinadas anteriormente devem receber duas doses da tríplice viral, com intervalo de 30 dias entre elas.
Adultos não vacinados também devem receber a vacina, principalmente em locais de surto, como Roraima e Manaus. Pessoas que já completaram o esquema vacinal não precisam se vacinar novamente.
Vacinação em SP
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, a campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite foi antecipada para este sábado. Para o Dia D extra haverá mais de 4 mil postos de vacinação fixos e cerca de 300 postos volantes abertos das 8h às 17h. O objetivo é vacinar 2,2 milhões de crianças que integram a população-alvo da campanha, composta por crianças com idade entre um ano e cinco anos incompletos.
A Secretaria explica que a antecipação é uma forma de “facilitar que os pais e os responsáveis levem as crianças aos postos de saúde”; isso porque os horários de atendimento das unidades podem não ser acessíveis para muitas famílias.
Meta de imunização
A vacina contra o sarampo é oferecida em duas doses: a tríplice viral, aos 12 meses, e a tetra viral, aos 15 meses. Entretanto, desde 2012 a segunda dose da vacina não atinge a meta de 95%. No ano passado, por exemplo, apenas 69,9% das crianças foram imunizadas com a dose que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela.
Eliminação do sarampo
Em 2016, a região das Américas foi a primeira em todo o mundo a ser declarada livre do sarampo. No mesmo ano, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus da doença. Segundo o governo, o país está trabalhando para interromper a transmissão dos surtos.