Um estudo publicado na revista Nature, revelou como o tratamento com testosterona em homens transgêneros (pessoas que foram designadas como sexo feminino ao nascer, mas que se identificam como homens) pode afetar o sistema imunológico. A pesquisa, conduzida por cientistas da Suécia e da França, acompanhou 23 homens trans ao longo de 12 meses enquanto eles recebiam a terapia hormonal para desenvolver características físicas mais masculinas.
Durante o tratamento com testosterona, os pesquisadores observaram mudanças significativas na maneira como o sistema imunológico dos participantes reagia a diferentes tipos de ameaças. Em primeiro lugar, a testosterona demonstrou uma diminuição na capacidade do corpo de combater infecções virais. Isso significa que homens trans em terapia hormonal podem enfrentar mais dificuldades ao lidar com vírus comuns, como os que causam gripes e resfriados.
Por outro lado, o tratamento com testosterona também aumentou a resposta inflamatória do corpo. A inflamação é uma reação natural do sistema imunológico que ajuda a combater infecções e lesões. No entanto, quando a inflamação se torna excessiva ou crônica, pode acarretar problemas de saúde, como doenças cardíacas ou artrite. O estudo revelou que homens transgêneros em terapia hormonal podem experimentar um aumento na inflamação, o que pode representar um risco adicional para condições relacionadas à inflamação crônica.
Terapia hormonal e imunidade
Essas descobertas ajudam a explicar não apenas o impacto da terapia hormonal, mas também os padrões imunológicos observados em homens cisgêneros — aqueles designados como homens ao nascer e que se identificam como tal. Estudos anteriores mostraram que homens cis tendem a ter níveis mais altos de inflamação e, frequentemente, enfrentam formas graves de algumas doenças, como foi notado durante a pandemia de covid-19.
Para as pessoas trans que estão em tratamento hormonal com testosterona, os resultados sugerem que seus sistemas de defesa podem funcionar de maneira diferente após o início da terapia. Isso significa que médicos e profissionais de saúde precisam estar atentos a essas mudanças ao planejar os cuidados, para garantir que potenciais riscos, como infecções graves ou inflamação crônica, sejam bem gerenciados.