Testosterona: entidades médicas emitem nota sobre uso de hormônio por mulheres
Nota conjunta esclarece os riscos da administração do hormônio e o único caso em que a indicação é recomendada; entenda
Diante do alto interesse de mulheres por tratamentos com uso de testosterona, entidades médicas brasileiras se reuniram e elaboraram uma nota conjunta para esclarecer os riscos da administração do hormônio e o único caso em que a indicação é recomendada. O documento destaca que não há nenhuma formulação para utilização em mulheres aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O documento foi assinado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) com base em evidências científicas e na legislação vigente, considerando ainda a necessidade de avaliação caso a caso para a realização de um diagnóstico clínico criterioso.
As entidades destacam que há somente uma indicação reconhecida cientificamente para o tratamento com testosterona em mulheres. Trata-se do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) em mulheres na pós-menopausa, uma disfunção que faz com que as pacientes tenham uma redução acentuada ou a ausência do desejo de fazer sexo por, ao menos, seis meses e com sentimento de sofrimento.
“Antes de qualquer consideração terapêutica, devem ser avaliadas e tratadas as causas frequentes de diminuição da libido, como hipoestrogenismo, síndrome urogenital da menopausa, depressão e outros transtornos psiquiátricos, efeitos de medicamentos (especialmente antidepressivos), obesidade e fatores psicossociais ou de relacionamento conjugal”, diz a nota.
O texto destaca que não há redução brusca do hormônio por causa da menopausa, mas uma queda gradual ao longo da vida adulta. Mesmo assim, não existem valores de referência reconhecidos pela literatura médica para determinar que uma mulher necessita de algum tipo de reposição.
Além disso, o que se chama de “deficiência de testosterona” em protocolos oferecidos em clínicas e apresentados nas redes sociais não é a causa da queda da libido na população feminina.
Nesse cenário, não há necessidade de realização de testes para investigação da dosagem no organismo. “A única indicação formal de dosagem sérica é a investigação de hiperandrogenismo – excesso hormonal, como na síndrome dos ovários policísticos, tumores ovarianos ou adrenais, hiperplasia adrenal congênita e síndrome de Cushing. A dosagem rotineira fora desse contexto não tem respaldo científico”, informa.
Riscos da testosterona
A testosterona se popularizou como uma opção para ganhar força, resistência, aumentar a libido, melhorar o desempenho em atividades físicas e fins estéticos. Com a ascensão dos “chips da beleza”, alardeados por celebridades, houve a proliferação do uso de produtos manipulados que combinavam diversas substâncias, o que levou ao aparecimento de problemas de saúde.
A lista de eventos adversos relacionados ao uso indevido do hormônio por mulheres é longa. “Acne, queda de cabelo, crescimento de pelos, aumento do clitóris e engrossamento irreversível da voz, toxicidade e tumores de fígado, alterações psicológicas e psiquiátricas, infertilidade e potenciais repercussões cardiovasculares como hipertensão arterial, arritmias, embolias, tromboses, infarto, AVC e aumento da mortalidade, além de alterações de outros exames laboratoriais, como os de colesterol e triglicerídeos”, enumera a nota.
Por isso, a Anvisa determinou a proibição dos chips no ano passado e o uso de testosterona para fins estéticos, tanto em homens quanto em mulheres, é vedado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
“A prescrição de testosterona deve restringir-se estritamente à única indicação formalmente reconhecida (Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo -TDSH), após avaliação clínica adequada, sendo potencialmente danosa quando utilizada sem indicação, com base em dosagens isoladas ou com objetivos não terapêuticos”, finaliza o documento.
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