Amazon lança versão brasileira da assistente virtual Alexa
Gigante da tecnologia tenta mais uma vez expandir seu mercado por meio da inclusão de novas línguas no repertório da assistente
É um ano empolgante para os clientes brasileiros da Amazon. Além do lançamento de dois planos com milhões de músicas disponíveis para o usuário, a marca anunciou nesta semana a estreia da versão brasileira da Alexa, assistente virtual inteligente da empresa de Jeff Bezos. Mais do que mera tradução, tratou-se de uma tentativa de adequação da língua da inteligência artificial para o idioma falado no Brasil.
Até agora, as falas e comandos de Alexa haviam sido adaptados para algumas poucas línguas, como japonês e francês (além de seu “nativo” inglês). No dia 3, a Amazon revelou ter construído uma edição totalmente brasileira. Alimentada por milhares de voluntários que testaram e avalariam as versões anteriores, a Alexa brasileira agora conta piadas que só fazem sentido no nosso português, canta hinos de times de futebol, escolhe Rita Lee e Iza como cantoras favoritas e até mesmo responde a memes tupiniquins.
Uma das maiores preocupações dos times de engenheiros e linguistas responsáveis pela adaptação da tecnologia ao nosso idioma foi a informalidade típica do brasileiro, perceptível por meio de contrações e abreviações em sua fala. Além disso, o uso de gírias por parte da assistente virtual é constante. Por exemplo, ao ser cumprimentada com a frase “Suave na nave?”, Alexa responde com um coloquial “De boa na lagoa”.
Sem contar com as novidades, a assistente também é capaz de responder a comandos mais comuns, como tocar determinada música, ler a agenda do dia, determinar o tempo de viagem até o destino do usuário e revelar o placar de um jogo de futebol em andamento. A fala de Alexa é resultado de uma mistura de inteligência artificial com amostras de pessoas reais. “Nós apostamos que a voz é a interface do futuro”, afirmou Michele Butti, diretor internacional de Alexa, no evento de lançamento da assistente brasileira.
Não é a primeira vez em que a Amazon tenta expandir seu mercado por meio da inclusão de novas línguas no repertório da assistente de voz. Em setembro, a empresa anunciou que Alexa poderia passar a falar tanto inglês quanto espanhol em lares norte-americanos. O público-alvo seriam os lares de origem latina, que ganhariam a possibilidade de se comunicar com a inteligência artificial em ambos os idiomas ao mesmo tempo.
Outra questão a ser lidada pela companhia é a privacidade. Com os recentes reveses ligados ao uso indevido de informações no meio digital (como aquele sofrido pelo Facebook, que acabou levando o CEO Mark Zuckerberg a prestar depoimento frente ao Senado dos Estados Unidos), o público está cada vez mais atento à captação de dados pessoais por empresas de tecnologia. Como forma de tentar contornar o problema, a Amazon incluiu alguns mecanismos em seus produtos, como a opção de desligar os microfones dos aparelhos e tampas que bloqueiam as câmeras de seus dispositivos.
Mas pode não ser suficiente. No mês passado, a norte-americana Sonos foi mais ousada ao revelar a criação de um alto-falante completamente desprovido de microfone interno — isto é, totalmente incapaz de escutar as conversas privadas de seus usuários. Significa, é claro, que o aparelho não consegue receber comandos de voz, pois não os ouve. Para alguns, a impraticidade é um pequeno preço a se pagar pela manutenção da privacidade.
Os produtos da Amazon que incluem a nova versão de Alexa serão vendidos a partir do começo de quarta-feira (03). Entre eles, estão dois alto-falantes inteligentes (chamados Echo e Echo Dot, uma versão compacta do primeiro) . Um outro aparelho, que junta uma tela touchscreen com alto-falantes (denominado Echo Show 5), chegará ao país em novembro. As vendas serão feitas pelo site da Amazon e em algumas lojas físicas de produtos tecnológicos. Os preços vão de R$ 349 a R$ 699. Vale lembrar que alguns produtos de outras marcas também suportam a assistente, inclusive lâmpadas e câmeras produzidas no Brasil.
Resta esperar para ver se o público optará pelo avanço tecnológico da Amazon — que afirma ter como objetivo aproximar as pessoas da tecnologia futurística do universo Star Trek, repleto de naves espaciais e aparelhos fantásticos — apesar dos recentes problemas com a segurança de informações. Seja como for, trata-se de um ano empolgante para os fãs de tecnologia.