Amazon para de vender livros de ‘cura gay’
A medida da varejista americana irritou movimentos reacionários nos EUA
Líderes de movimentos reacionários nos Estados Unidos estão indignados com a Amazon. O motivo: o banimento, da loja, de livros que se propunham a promover a “cura gay” – método que não tem respaldo científico e é rejeitado por psiquiatras e psicólogos sérios. A iniciativa da gigante do varejo eletrônico não foi bem recebida, por exemplo, por alguns grupos cristãos, como o Voice of the Voiceless (Voz dos Sem Voz, em inglês), que afirma ter a missão de “defender os direitos dos ex-homossexuais com indesejada atração pelo mesmo sexo”.
Dentre as obras retiradas do catálogo da Amazon estão “Healing Homosexuality: Case Stories of Reparative Therapy” (Curando a Homossexulidade: histórias de casos de terapia reparativa) e “A Parent’s Guide to Preventing Homosexuality” (Um Guia Parental para Prevenir a Homossexualidade). Muitos títulos são de autoria do psicólogo Joseph Nicolosi (1947-2017), tido como referência pelos reacionários que defendem a terapia como forma de “transformar” indivíduos em heterossexuais.
Em seu próprio site, a companhia de Jeff Bezos explica o motivo de retirar certos tipos de publicações: “Reservamos o direito de não vender determinados conteúdos, como pornografia ou outros conteúdos inadequados”. No caso da “cura gay”, a Amazon ainda segue recomendação da ONU. Desde 1990, a Organização Mundial de Saúde decidiu extirpar a homossexualidade de sua lista de doenças. Além disso, o mesmo órgão não reconhece a chamada “cura gay”, tida tão-somente como pseudociência.
Mesmo assim, Tony Perkins, presidente do Family Research Council e lobista de políticas cristãs em Washington, D.C., redigiu e-mail criticando a medida da Amazon. “A fé cristã teve um papel significativo na ajuda a pessoas lidando com uma indesejada atração por gente do mesmo sexo”, escreveu ele.