Se até o início desta década a computação quântica era apenas uma teoria, estritamente presente em pesquisas acadêmicas, nesta quarta-feira 23 a confirmação do sucesso de um experimento realizado pela Google permitiu que fosse dado mais um passo à frente na jornada que busca tornar a próxima geração de computadores em uma realidade do dia a dia. No início deste mês, VEJA já havia antecipado a notícia, pela revelação de que a gigante americana da internet tinha alcançado o feito e esperava o momento certo de divulgá-lo. Qual é o feito? A fabricação da primeira máquina quântica com funções úteis (o que, em jargão do meio, é conhecido como “supremacia quântica“).
Em 20 de setembro, um funcionário da Nasa envolvido no projeto então secreto de computação quântica acidentalmente publicou o estudo que mostrava que a Google havia realizado, por meio de uma máquina nomeada de Sycamore, a estabilização dos chamados qubits (versões quânticas dos tradicionais bits) por tempo suficiente para que fossem realizadas operações em velocidade jamais atingidas antes. Mais precisamente, a máquina foi capaz de resolver, em 3 minutos, cálculos que levariam 10 000 anos para serem feitos. Nesse caso, devido à Google ser capaz de criar um computador quântico apto a rodar um programa de forma estável, teria se atingido a supremacia quântica.
Como era um documento vazado, que não foi prestado aos rigores de verificação de outros pesquisadores, levantou-se desconfiança sobre a conquista. Mas, pela manhã do dia de hoje, os cientistas da Google descreveram como o computador quântico conseguiu alcançar o feito descrito. O estudo teve o crivo de ser anunciado por meio de um artigo científico, no renomado periódico científico Nature.
Embora a conquista seja chamada de “supremacia”, isso não significa que os computadores quânticos já seriam mais capazes do que os computadores domésticos, visto que o computador da Google por enquanto só vence os concorrentes diante de uma única tarefa, executada em laboratório. Em funções mais rotineiras, as novas versões dos PCs ainda não seriam funcionais.
Contudo, vale lembrar que a supremacia quântica é um marco científico importante. São passos singelos como esse que permitem que, décadas a frente, aflorem revoluções comparáveis ao que foram as impulsionadas por smartphones, tablets e robôs. Em outras palavras, a conquista da Google, ao que se indica, entrará para a história como aquela que deu início a uma nova era da computação. Uma que não demorará a impactar a vida de todos.