Jogo da nostalgia: nos games, os remakes também são um ótimo negócio
Versões modernas de sucessos de outras épocas, como a série protagonizada pelo skatista Tony Hawk, mostram a força da tendência

Quando chegou ao mercado pela primeira vez, em 1999, o game Tony Hawk’s Pro Skater ajudou a impulsionar a popularidade do skate para uma nova geração de jovens. Na época, o americano Hawk era o maior atleta do esporte, medalhista em competições relevantes e o rei das manobras impossíveis. O primeiro título deu início a uma das séries de maior sucesso da história dos videogames, com mais de 30 milhões de unidades vendidas. Retorna, agora, aos consoles da nova geração em versão remasterizada. Tony Hawk’s Pro Skater 3+4 chegou há poucas semanas para PC, PlayStation e Xbox. No equipamento da Microsoft, alcançou 1,9 milhão de jogadores graças à inclusão no Game Pass, serviço de assinatura mensal. O sucesso do remake revela fascinante tendência: a nostalgia é um bom negócio no mercado de jogos eletrônicos.
É preciso, contudo, preservar o espírito original. Portanto, personagens, cenários e jogabilidade foram mantidos. Ou seja, os jogadores de longa data vão reconhecer todos os elementos que fizeram a fama do título no começo dos anos 2000. Mas todo o visual foi refeito para não parecer tão datado. Há também a inclusão de novidades, como a participação da brasileira Rayssa Leal entre os personagens. “É uma loucura pensar que, há dez anos, eu jogava em casa e, agora, estou no jogo”, disse a medalhista olímpica. “Saber que garotas vão jogar e andar de skate me deixa muito feliz”, completou ela, em vídeo promocional.

A indústria bebe do movimento de interesse, e uma coleção de lançamentos ajuda a iluminar a força dos produtos vintage de alta tecnologia. É o caso do RPG de ação Final Fantasy VII, lançado em 1997, que foi totalmente redesenhado, com visual moderno e jogabilidade atualizada. O resultado é um sucesso de público e crítica que vem acumulando prêmios. Ou o épico de fantasy Elder Scrolls IV: Oblivion, que chegou de surpresa no fim de abril e surpreendeu o mercado e bateu 4 milhões de jogadores em três dias. É inegável a prova de força dos clássicos refeitos para a nova época. Convém ficar com o aforismo do poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994): “A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”. Mas nada de game over.
Publicado em VEJA de 15 de agosto de 2025, edição nº 2957