No início dos anos 2000, quando a tecnologia de comunicação portátil mais promissora eram os palmtops, a Microsoft nadava de braçada na distribuição de uma versão adaptada do Windows como sistema operacional para celulares. O iPhone só chegaria anos depois, e a empresa que desenvolvia o Android ainda estava distante do radar de aquisições da Google. No entanto, atualmente, relacionar Windows com smartphones é lembrar do fracasso do Windows Phone, criado em 2010 e abandonado pela companhia de Bill Gates em 2014. Mas o que deu errado no caminho?
Segundo o próprio Bill Gates, em uma entrevista à CNBC na quarta-feira 6, a principal causa do fracasso de sua divisão mobile foi a intervenção do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em um processo antitruste contra a companhia em 2002. O que teria começado com uma medida para impedir que o Internet Explorer fosse o único navegador possível para os computadores com Windows, terminou 15 anos depois com a empresa atrasada frente à concorrência, que já entendia melhor o mercado de smartphones.
“Não há dúvida de que o processo foi ruim para a Microsoft, e estaríamos mais focados em criar um sistema operacional para telefones. Em vez de usar o Android hoje, você poderia estar usando o Windows Phone, não fosse o caso antitruste”, disse.
Durante a transição do Windows Mobile (instalado em palmtops e celulares) para o Windows Phone (feito para smartphones), foi a época em que o Android mais prosperou. Segundo Gates, a Microsoft perdeu a oportunidade de lançar o Windows Mobile em um importante aparelho da Motorola. “Estávamos apenas três meses atrasados em um lançamento que a Motorola usaria Windows em um telefone, então, sim, é um jogo onde o vencedor leva tudo”, explicou Gates. “Agora ninguém aqui nunca ouviu falar do Windows Mobile, mas tudo bem. São algumas centenas de bilhões aqui ou ali”.
Não está claro a que telefone móvel, da Motorola, Gates está se referindo, mas a Motorola lançou sua linha Droid de smartphones com Android há 10 anos, e eles tiveram relativo sucesso. O esforço da telefônica americana Verizon e da Motorola nos EUA ajudou o Android a ser distribuído em um maior número de aparelhos baratos, exatamente quando o Windows Mobile estava tentando entrar no mercado.
Essa não é a primeira vez que Gates comenta sobre as dificuldades da Microsoft em dispositivos móveis. No início deste ano, chamou a derrota para o Android de o “maior erro da sua carreira”, admitindo que ficar de fora desse setor lhe custou 400 bilhões dólares.