Imagine aquela cena típica nos transportes públicos na hora do rush. Passageiros circulando de um lado para o outro, alguns com pressa, outros nem tanto, cada um com seu destino final. Mas o que faz com que as pessoas não se choquem umas com as outras? Matemáticos da Universidade Tecnológica de Eindhoven, na Holanda, publicaram, na sexta-feira (24), uma pesquisa que mapeia os movimentos dos pedestres e revela como eles se comportam em meio às multidões. O estudo é importante pois pode ajudar a evitar tragédias que envolvem grandes públicos como o caso do Love Parade, um festival de música na Alemanha, no qual 21 pessoas morreram pisoteadas e 500 ficaram feridas em 2010.
Um dos desafios do experimento, no entanto, foi monitorar grandes grupos e sua imprevisibilidade. Pois, um indivíduo pode, a qualquer momento, alterar sua trajetória. Para isso, os cientistas desenvolveram um método de mapeamento e compreensão de deslocamento de pedestres nas multidões, posicionando câmeras para gravar os movimentos em um corredor da Universidade de Eindhoven. As câmeras eram equipadas com um sensor de movimento 3D, como os que são usados em video games. Em um ano, a equipe captou imagens e identificou cerca de 70 mil rotas utilizadas pelos transeuntes. Com o resultado, estabeleceu-se o caminho adotado com mais frequência, levando em conta as variações ‘inesperadas’.
Assim, foi possível observar, por exemplo, com qual frequência um indivíduo muda sua rota e dá uma ‘meia volta’, movimento que, dependendo do tamanho da multidão, pode causar problemas de fluxo e obstrução de passagem. De acordo com os pesquisadores, conhecer e entender os caminhos tomados pelos pedestres durante situações adversas pode ajudar na organização e planejamento de controle de fluxo e evasão dos locais que recebem grandes públicos como o metrô e estádios de futebol.