“No futuro teremos carros voadores.” A expressão já virou até meme nas redes sociais na hora de comparar as aspirações futuristas do passado com o que realmente acontece nos dias atuais, nos quais não vemos veículos estilo Os Jetsons circulando pelos ares. Além da brincadeira, porém, o sonho austero de passear pelos céus, assim como fazemos em terra com os carros, é parte do imaginário sobre o vindouro futuro humano em diversas obras de ficção.
É uma promessa antiga e que de tempos em tempos aparece com alguma novidade, mas longe de chegar ao cotidiano da vida urbana como acontecia na animação da Hanna-Barbera. A americana Terrafugia já mostrou o nada pouco funcional avião-carro; a Uber apresentou um projeto para 2023; e a companhia de aviação Airbus diz pesquisar um modelo do tipo. Contudo, a Kitty Hawk, companhia liderada pelo “padrinho dos carros autônomos” Sebastian Thrun, e apoiada pelo cofundador do Google e atual CEO da Alphabet (grupo detentor da mesma empresa), Larry Page, foi a primeira a colocar pessoas comuns para voar em um veículo que aterrissa na vertical como um helicóptero, e voa como um avião.
No momento são dois protótipos, o Cora e o Flyer. O primeiro lembra um avião tradicional, grande e com asas. O segundo, que iniciou a operação na última semana, nos Estados Unidos, parece um drone, carrega uma pessoa e utiliza dez motores elétricos para garantir a autonomia de 20 minutos de voo. A pilotagem simplificada, que ocorre por meio de um joystick, é um de seus principais atributos. A startup promete que, com apenas uma hora de instruções, qualquer usuário pode começar a voar, sem necessidade de licença de pilotagem. Tem coragem?
A Kitty Hawk, que realizou mais de 1.500 voos de teste com funcionários em centros de treinamento, agora deixa voluntários corajosos experimentar o veículo em altitudes de até 10 metros, em cima de lagos. A empresa afirma que essa aeronave é um veículo recreativo para uma pessoa, com uso de capacete. Mas não informou quando o Flyer estaria à venda ou quanto custaria. É provável que seja primeiro oferecido para resorts ou clubes de luxo como forma de recreação sobre praias, semelhante ao que é feito com o jet ski e o water jet pack.
A função de táxi voador ficou com o Cora, este sim pensado como uma alternativa de transporte nas cidades. A companhia está atualmente testando o Cora na Nova Zelândia. Em seu site, a Kitty Hawk diz que o plano é oferecer a aeronave como “parte de um serviço similar a uma companhia aérea ou para serviços de compartilhamento de viação (tipo Uber, mas no céu)”. Porém, até lá, os voadores se juntam aos também futuristas Hyperloop e carros autônomos, que aos poucos deixam de ser imaginação — que, por sinal, é a única que sempre voou.