Realidade virtual brasileira busca facilitar acessibilidade de PCD’s
O projeto do Instituto Jô Clemente, em São Paulo, deverá facilitar a vida de cerca de 900 usuários com algum tipo de deficiência intelectual ou doenças raras
Com tecnologia desenvolvida na Caverna Digital do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC), o Instituto Jô Clemente (IJC) acaba de lançar um Projeto de Realidade Virtual para promover a inclusão de pessoas com deficiência. Iniciado em agosto, a iniciativa, sediada na sede do Instituto em São Paulo, tem como objetivo facilitar o cotidiano de pessoas com deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista e doenças raras, proporcionando experiências positivas em mobilidade urbana por meio da realidade virtual.
Expedições urbanas
Entre as várias atividades oferecidas pelo IJC, o diretor educacional Victor Martinez destaca as “expedições urbanas“. “Levamos os usuários a passeios pela cidade de São Paulo, visitando museus e pontos turísticos, sempre utilizando transporte público. Essa atividade visa incentivar a autonomia,” explica Martinez. Cerca de 20 usuários participam de cada expedição, sempre acompanhados por dois monitores.
Um dos trajetos mais comuns é o deslocamento entre a sede do Instituto e a estação de metrô Santa Cruz, um trajeto de aproximadamente 1 km. “Muitos usuários fazem esse percurso acompanhados por monitores, e em muitas atividades, familiares também participam”, ressalta Martinez.
Ambiente virtual
Para atender a necessidade de locomoção até a estação do metrô, a instituição instalou em sua sede, na Vila Clementino, um ambiente virtual que simula o trajeto até a estação do metrô. As paredes desse ambiente, decoradas pelo grupo de grafite Os Três, reproduzem elementos das ruas de São Paulo, incluindo placas de sinalização.
No Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico, um grupo de alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, sob a coordenação de Adilson Hira, desenvolveu óculos 3D de realidade virtual para o projeto. Marcelo Knörich Zuffo, diretor do Centro de Inovação da USP – Inova USP, destaca que um dos principais objetivos da iniciativa é a educação e a mobilidade urbana. “O sistema de realidade virtual foi criado para minimizar os riscos nos deslocamentos dos usuários, especialmente daqueles com dificuldades de interação social,” descreve Zuffo.
Os óculos 3D foram equipados com software que proporciona um alto grau de realismo e imersão. “Conseguimos simular os desafios enfrentados por uma pessoa com deficiência ao atravessar a rua, passar pelas catracas da estação e descer a escada rolante, sem os riscos do ambiente real,” explica Adilson Hira. Todo o trajeto foi filmado e adaptado para os óculos 3D, garantindo uma experiência segura e educativa.
Os óculos possuem um sistema de pontuação em formato de jogo. “Quanto mais acertos o usuário obtém no trajeto, maior é sua pontuação. Isso torna a experiência divertida e acelera o aprendizado, auxiliando na autonomia e independência do usuário,” destaca Hira.
(Com Jornal da USP)