Sean Goldman quebra o silêncio
Alvo da mais rumorosa batalha de custódia entre Brasil e Estados Unidos, o adolescente conta a VEJA, pela primeira vez, sua versão dos fatos
O adolescente Sean Richard Goldman é o protagonista da mais rumorosa e intensa batalha judicial por uma custódia entre Brasil e Estados Unidos. Ele foi alvo de “subtração infantil”, termo técnico para designar a situação em que um dos responsáveis legais viaja para um país com a criança sem o consentimento da outra parte ou sem a intenção de voltar.
Em junho de 2004, o pai do menino, o ex-modelo americano David Goldman, assinou um documento que autorizava a viagem de Sean com a mãe, a brasileira Bruna Bianchi, para o Rio, onde eles iriam passar duas semanas de férias. O garoto tinha então 4 anos. Dias depois de desembarcar no Aeroporto do Galeão, Bruna ligou para o marido para pedir o divórcio e informá-lo de sua decisão de criar o menino no Brasil. David ficou em choque — acreditava que o casamento corria bem e queria a criança ao seu lado. Passado um mês, a juíza encarregada do caso no Brasil concedeu tutela antecipada do filho a Bruna. David contratou a advogada americana Patricia Apy, que abriu uma ação civil na Suprema Corte de Nova Jersey com o propósito de intimar Bruna a retornar e a devolver a criança. A não devolução fez a ex-mulher de Goldman ser processada por “subtração infantil”.
O labirinto jurídico ficou mais estreito e tumultuado com a ocorrência de uma tragédia. No Brasil, Bruna obteve o divórcio unilateral e casou-se, em 2005, com o advogado João Paulo Lins e Silva, integrante de um influente clã de advogados. Ela morreu três anos depois, ao dar à luz a primeira filha do casal, Chiara. Uma hemorragia seguida de outras intercorrências foi a causa de sua morte, aos 34 anos. A partir daí, a briga pela guarda da criança ganhou novos desdobramentos. David não foi avisado de que seu filho se tornara órfão de mãe. Ele só soube da morte da ex-mulher porque uma amiga brasileira viu no extinto Orkut que haveria uma missa de sétimo dia em homenagem a Bruna. Goldman acreditou que o caso iria se encerrar — afinal, o garoto ficara órfão de mãe, mas tinha pai. Ocorre que, com autorização da avó materna, o padrasto de Sean, Lins e Silva, entrou com uma ação de paternidade socioafetiva e obteve sua guarda provisória.
Sean completou 18 anos em maio, quando o processo seria extinto, caso não tivesse sido resolvido ainda. Apesar de já morar com o pai há oito anos e meio, o jovem ainda carrega cicatrizes daquela época conturbada. Ele contou a VEJA, pela primeira vez, sua versão dos acontecimentos. Acompanhe o vídeo.