Rubens Barbosa: Aproximação entre Brasil e EUA não avançou
Embaixador não vê chances de impeachment de Trump e acredita ser Bloomberg a única alternativa da oposição democrata nas eleições de novembro
Ex-embaixador em Washington e Londres, Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), diz não ver flexibilização na política externa conduzida pelo chanceler Ernesto Araújo. Mas observa a agenda internacional se impor nas decisões do governo, sobretudo no capítulo do meio ambiente. “A influência das políticas ambientais sobre as negociações comerciais é um fato hoje”, afirmou em entrevista no programa Páginas Amarelas em Vídeo, para lembrar que a questão está presente no acordo Mercosul-União Europeia e nas regulações da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na qual o Brasil pleiteia seu ingresso. “Ou por pragmatismo ou por realismo político, (o governo) vai ter de se ajeitar”, completou.
Para o veterano diplomata, a aproximação do Brasil com os Estados Unidos não avançou mais do que no passado, apesar da azeitada aproximação entre os presidentes Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump. Em sua visão, não é possível falar em alinhamento automático entre Brasília e Washington.
No plano externo, Barbosa não vê chances de impeachment de Trump e considera que, nas urnas de novembro, a única alternativa da oposição democrata está na candidatura do empresário e ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg. Sobre o Brexit, que começa a valer no plano jurídico na sexta-feira 31, avisa que a saída do Reino Unido da União europeia só se dará, na prática, ao final das negociações comerciais entre os dois lados do Canal da Mancha. Cético sobre o término dessas conversas até o final deste ano, como está previsto, o ex-embaixador em Londres antevê o equilíbrio da economia britânica como principal desafio do premiê Boris Johnson. Alerta, porém, para a necessidade de o Mercosul já se preparar para conversas sobre comércio com o Reino Unido.