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Por que a sobretaxa do aço nos EUA pode gerar uma nova ordem mundial

Protecionismo do presidente norte-americano, Donald Trump, interfere na atual arquitetura da economia no mundo

Por Da Redação Atualizado em 10 dez 2018, 14h11 - Publicado em 28 mar 2018, 10h52

No começo de março, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai cobrar novas taxas para a compra de aço e de alumínio produzidos em outros países. Serão 25% sob as importações de aço e 10% sob as de alumínio.

A medida foi uma das promessas de campanha de Trump e tem dois objetivos: o primeiro é incentivar a indústria local que, não por coincidência, corresponde à sua base de apoio, que o ajudou a se eleger em 2016. O segundo é atingir a China, maior produtor mundial desses metais — mas que ocupa só a 11ª colocação entre os países que fornecem aço para os Estados Unidos.

México e Canadá foram liberados das novas taxas porque fazem parte do NAFTA, o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, que garante algumas vantagens comerciais a esses países.

“Trump vai atingir uma série de outras indústrias. A indústria de aço nos Estados Unidos emprega cerca de 150.000 pessoas. Já as indústrias que usam aço empregam mais de 5 milhões de pessoas, como a de automóveis”, explica Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais da Faap.

Assim que o anúncio da taxação foi feito, a União Europeia rebateu: disse que pode impor taxas a produtos importados pelos Estados Unidos, como o uísque Bourbon e as motocicletas Harley-Davidson. A China afirmou que o país vai tomar as medidas necessárias. Trump não ficou por baixo e escreveu no Twitter que esses tipos de disputas são “boas e fáceis de vencer”.

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“Um país começa aumentando as tarifas, achando que está fazendo isso de forma individual, e outros países respondem da mesma forma, o que acaba num mundo muito mais protecionista. Isso é curioso porque, nos anos 2000, havia a impressão de que a globalização e o livre-comércio eram definitivos. O que nós vemos agora é que nada é definitivo e que vivemos um período de retrocesso em termos de globalização”, diz Poggio.

O Brasil também prometeu recorrer à Organização Mundial do Comércio contra a decisão de Trump, mas não foi necessário. Na semana passada, os Estados Unidos reviram as regras e excluíram o Brasil das novas taxas. Também ficaram de fora União Europeia, Coreia do Sul, Argentina e Austrália. Dessa forma, Rússia, Turquia e Japão são os países mais afetados pelas sobretaxas.

“O que nós observamos nesse momento é uma recomposição da arquitetura da economia global. Os Estados Unidos que estavam na liderança desde 1945 estão adotando uma nova postura. Mas isso vai um pouco além de Trump. Parece haver, gradualmente, na sociedade americana um apoio a certas medidas protecionistas. Vemos agora, curiosamente, a China como um país que toma esse manto da defesa do livre-comércio”, conclui Poggio.

Imagens
NBR, AFP, Associated Press

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Texto
Nicole Fusco

Edição
Nicole Fusco
Flávia de Sá

Finalização
Flávia de Sá

Realização
Estúdio Abril

 

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