Carta ao Leitor: Olho no olho
Estar frente a frente com quem é notícia faz toda a diferença. Nesta edição de VEJA, duas conversas ajudam a iluminar a relevância do contato direto
Desde sempre, ao longo de seus quase 55 anos de história, VEJA teve um permanente cuidado ao oferecer jornalismo de qualidade, profissional, no avesso da banalidade alimentada pelas redes sociais, levando o leitor para perto das fontes de informação, travessia invariavelmente interessante. Nesse caminho, a entrevista, olho no olho, com perguntas claras e respostas sinceras, é ferramenta decisiva. Estar frente a frente com quem é notícia — embora os recursos tecnológicos autorizem, sobretudo depois da pandemia, o contato por vídeo — faz toda a diferença. Nesta edição de VEJA, duas conversas ajudam a iluminar a riqueza de nosso variado cardápio de temas — e a relevância do contato direto, sem filtros.
A repórter Amanda Péchy conversou em Assunção, no Paraguai, com o futuro presidente do país, Santiago Peña, de 44 anos, personagem das Páginas Amarelas. Eleito em abril, com 15 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, ele tomará posse em 15 de agosto. Peña, membro do Partido Colorado — no poder há setenta anos, com exceção do intervalo do governo de Fernando Lugo, entronizado em 2008 e destituído em 2012 —, é vento novo, e não apenas pela idade. Economista de formação, estudou políticas públicas na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Trabalhou também no Fundo Monetário Internacional (FMI), atrelado ao departamento que cuida de negócios com a África. De 2013 a 2018 foi ministro da Fazenda do governo do presidente Horacio Cartes. No comando do país, terá como principais desafios vencer a estagnação econômica e frear a violência — além de comprovar distância de seu padrinho, Cartes, recentemente acusado de corrupção. Todos esses temas foram tratados (sem receio nem meias-palavras) no diálogo com Amanda Péchy, travado na residência de Peña, lugar discreto, cujas paredes exibem quadros de artistas paraguaios. “Ele demonstrou muito interesse em estreitar relações com o Brasil”, diz ela.
Numa outra frente, a repórter Amanda Capuano entrevistou em São Paulo a estrela israelense Gal Gadot, de sucessos como Mulher-Maravilha, de 2017. O tema do bate-papo foi o filme de aventura e espionagem Agente Stone, com estreia prevista para sexta-feira 11, uma das apostas da Netflix para 2023. O lançamento é assunto da reportagem que começa na página 80 e também de uma das próximas edições do programa de vídeo Em Cartaz, no site da revista. Gal falou sem censura de sua história pessoal e de sua carreira — ela une a beleza e a competência com um passado de treinamento militar — e da excelência das aventuras bem contadas. “É fascinante o sucesso de Gal Gadot em filmes de ação, universo majoritariamente masculino”, diz Capuano.
Da política ao entretenimento, na versão impressa, digital ou em vídeo, VEJA sabe ter responsabilidade na construção de um Brasil mais educado, desenvolvido, mais bem informado e menos desigual. Afinal, oferecer conhecimento de primeira mão, com profundidade, é antídoto contra a ignorância, o negacionismo e a avalanche de fake news que, de uns anos para cá, invadiu o mundo e se espalhou pelo Brasil, atrelados à polarização ideológica. Saber o que pensam um presidente sul-americano e uma estrela de Hollywood é, como diria Oswald de Andrade, “biscoito fino”, feito de inteligência e graça, matéria-prima dos veículos de comunicação de alto padrão. Boa leitura.
Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2023, edição nº 2854