Bar enfurece mães por pedir que amarrem crianças no poste
No início da semana, texto controverso de hamburgueria em Pinheiros voltou à tona em bate-boca virtual e retomou a discussão sobre crianças em restaurantes
Uma controvérsia de meses atrás voltou a fazer barulho entre mães nas redes sociais. No dia 28 de março, o restaurante Underdog, de São Paulo, publicou a imagem de uma lousa com os dizeres: “Aqui seu cão é bem vindo!!! Mas as crianças favor amarra-las ao poste (sic)”.
A frase é antiga, mas ainda assim revoltou Debora Oliveira, mãe de duas crianças. A gestora de comunidades de 33 anos deparou com a mensagem — apagada da lousa há tempos — nas redes sociais e fez um desabafo.
Na publicação, postada no Facebook nesta segunda (7), ela escreve: “Se você enche a boca para falar que odeia crianças, substitua crianças por mulheres, idosos, negros, japoneses, judeus, homens, insira aqui qualquer classe de ser humano existente nesse mundo de 7 bilhões de pessoas, e veja se parece aceitável. Não, né?”
Debora conta a VEJA a razão do incômodo: não deveria ser engraçado comparar crianças a animais. “Falaram que é uma piada comum em pubs da Inglaterra. Independente do conceito, acho que não é aceitável”, afirma. Ela explica que gostava do local, mas esperava um pedido de desculpas.
A retratação não veio. Pelo contrário, o estabelecimento respondeu à cliente de forma (bem) pouco amigável.
Depois do bafafá, a publicação original, de março, foi apagada do Instagram do Underdog. Santi Roig, 36 anos, diz ainda não entender o que houve: “Nossos clientes não têm frescura, a gente não tem que agradar a todos. Usamos um humor quase de South Park, é simplesmente uma piada”.
Sobre as críticas e acusações que recebeu, rebate: “Nem toda piada é engraçada para todo mundo. Mas agora começaram a contestar nossa posição sobre gays, negros, homossexuais… Se for ir por essa linha, nós vamos começar a contestar piada do Ary Toledo, do Chaves”.
Alguns críticos foram ainda mais longe: “Tem gente falando que a gente vai fechar, que vão nos levar à falência, que esperam que os sócios sejam estéreis e não tenham filhos nunca mais… Então isso não é a democracia e um país de opinião livre. Isso já é, ao meu ver, um problema mental da pessoa.”
E finaliza: “É muito fácil querer mudar o mundo sentado em uma cadeira e escrevendo na internet”.
No dia seguinte, para tentar rebater a pecha de “odiador de crianças”, Santi relembrou, no Instagram, uma ação que havia feito em outubro em prol da creche Tiãozinho, onde foi cozinhar hambúrgueres para os jovens.
“Não sou a favor de fazer esse tipo de caridade para mostrar, mas queria deixar claro que não temos nada contra crianças. Às vezes os pais largam as crianças correndo, quebrando pratos… Daí subvertemos o comando normal, que é de amarrar o cachorro fora. Quem conhece a casa sabe que temos vários detalhes de humor na decoração.”
Enquanto não há consenso sobre o que é piada e o que é respeito, a casa continua enfrentando forte reação nas redes. Pessoas contra a placa infeliz começaram a criticar o estabelecimento no campo de avaliações da lanchonete no Facebook. Mas também há opiniões favoráveis.
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