Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

AL VINO

Por Marianne Piemonte Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
As novidades, tendências e delícias do mundo do vinho sem um gole de “enochatismo”. Marianne Piemonte é jornalista, sommelière e empresária do mercado de vinhos.
Continua após publicidade

O vinho que deixou boas e más lembranças para gerações de brasileiros

Rótulo alemão era um dos mais populares entre os consumidores do país entre os anos 70 e 90

Por Sérgio Ruiz Luz
Atualizado em 4 jul 2024, 20h47 - Publicado em 4 jul 2024, 11h11

Reza o Deus Baco que a escalada rumo ao Olimpo dos vinhos começa com os rótulos mais baratos e simples – marco inicial para os consumidores prepararem o paladar para produtos melhores e mais complexos. No Brasil, a caminhada mais firme com produtos importados começou com o consumo de um peculiar rótulo europeu. Ele reinou por aqui durante décadas e o sabor dessa experiência divide quem teve a oportunidade de brindar com ele.

Para alguns, o negócio traz um sabor nostálgico dos tempos em que o grande carro nacional era o Opala Diplomata, dos blazers com ombreiras e de marcas de perfume como o Opium da YSL. Por outro lado, vários ficaram traumatizados depois de exagerar na harmonização de muitas taças dessa bebida com cascatas de camarões — receita certeira para uma grande e inesquecível ressaca. Estamos falando aqui da geração Liebfraumilch, a do célebre vinho alemão de garrafa azul.

Na década de 70, o produto desembarcou por aqui e, na ausência de qualquer outra grande referência de qualidade, logo a bebida de sabor adocicado e teor alcoólico na casa dos 10% virou uma febre. O blend era feito de uvas brancas, incluindo a Riesling. Muitos consumidores tinham dificuldade para pronunciar Liebfraulmich (leite da mulher amada, em tradução livre para o português), então logo pediam nos restaurantes e bares o “vinho da garrafinha azul”. O colorido vasilhame também se destacava nas prateleiras de supermercados e dos empórios. Não havia festa, casamento e lançamento de livros sem a presença dele.

Era tamanho o sucesso que durante muitos anos o rótulo chegou a representar mais da metade das importações de vinhos para o mercado brasileiro. O responsável por trazer o produto para cá foi Otávio Piva de Albuquerque. “Selecionei o rótulo numa viagem a Alemanha e apostei no sucesso dele, pois sabia que o público gostava de bebidas de sabor doce”, relembrou ele à coluna AL VINO. “O Liebfraulmich acabou virando porta de entrada aos brasileiros para o mundo dos vinhos.” Segundo Otávio Piva, curiosamente, a cor original da garrafa era marrom. “Fui eu que pedi a mudança para azul”, conta.

Continua após a publicidade
vinho
Otávio Piva de Albuquerque: o “pai do Liebfraumilch” (Divulgação/VEJA)

ASCENSÃO E QUEDA

O Liebfraumilch reinou até o final dos anos 90. À medida em que o mercado brasileiro foi se abrindo, os bebedores deixaram de lado a garrafinha azul. “Era uma onda no começo, mas depois virou sinônimo de coisa brega”, lamenta Otávio Piva. Quem sobreviveu à coqueluche descobriu mais tarde que há ótimos rótulos feitos com a Riesling, uva cujo berço de origem é a região do Reno na Alemanha. Ela é matéria-prima de grandes vinhos brancos aromáticos, frescos e elegantes, incluindo espumantes. 

Continua após a publicidade

Otávio Piva, o “pai do Liebfraulmich”, criou também a Expand, que se tornou a maior importadora de vinhos do Brasil, mas o negócio fechou as portas no início dos anos 2000. Hoje, o empresário investe num ramo muito diferente: ele se autodefine como missionário e toca uma companhia de turismo especializada em organizar peregrinações religiosas pela Europa.

Tão onipresente por aqui há algumas décadas, o Liebfraumilch acaba sendo lembrado hoje mais como um modismo da pré-história do consumo brasileiro de vinhos. Atualmente é até um pouco difícil de encontrar o produto, mas uma busca por sites especializados pode abreviar a busca.

Alguém se arrisca?

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.