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A proposta indecente (e ilegal) de Clooney para encerrar greve de atores

Ator angariou colegas bem-sucedidos da área para propor um esquema de compensação pago pelos sindicalizados que recebem altos salários

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2024, 08h28 - Publicado em 20 out 2023, 15h45

A greve dos atores em Hollywood está perto de completar 100 dias de duração – e as negociações, que pareciam ir bem, retrocederam quando os estúdios se recusaram a negociar um repasse do valor de suas assinaturas no streaming para os atores. Nesta semana, a parcela milionária dos talentos de Hollywood, encabeçada por George Clooney, fez uma proposta indecente – e também ilegal – ao sindicato responsável pelas negociações. Ao lado de nomes como Ben Affleck, Emma Stone e Scarlett Johansson, Clooney afirmou que os que ganham altos salários neste mercado “querem ser parte da solução”. 

A proposta envolvia a remoção do teto para o pagamento de uma taxa da anuidade dos atores sindicalizados, o que elevaria a contribuição dos profissionais com salários acima de 1 milhão de dólares ao ano. “Essa tática traria 50 milhões de dólares a mais para o sindicato ao ano”, disse Clooney. “Acho justo que a gente pague mais caro.” O ator também sugeriu uma mudança no esquema de pagamento de residuais, que levaria os atores mais bem pagos ao fim da folha, sendo os últimos a coletar qualquer lucro de reexibições, por exemplo. 

Essas mudanças e o aumento de caixa do sindicato poderiam ajudar os membros com dificuldades financeiras, como, por exemplo, pagando por planos de saúde e programas de capacitação. Apesar de nobre, a proposta, afirmou o sindicato, é ilegal. “Agradeço a generosidade de George Clooney, mas não podemos aceitar”, explicou Fran Descher, presidente do SAG (sigla do sindicato dos atores de Hollywood). “Nós somos um sindicato federal regulamentado e a única contribuição que podemos agregar ao nosso fundo de pensões e benefícios deve vir de empregadores. Logo, o que estamos lutando em termos de benefícios empregatícios, devem ser feitos em contrato.”

Drescher agradeceu os esforços, mas reforçou que a greve só vai acabar quando os estúdios voltarem à mesa das negociações. Além do pedido de receber parte do valor pago por assinantes de plataformas de streaming, outro ponto ainda sensível dessa conversa são os direitos de imagem e uso de inteligência artificial na indústria – mesmo dando a opção no contrato para que a imagem do ator não seja usada no futuro com IA, os artistas afirmam que há uma pressão para que eles aceitem abrir mão desse direito para conseguir trabalho. Ainda não há previsão de uma nova rodada de conversas.

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